terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Faltam informações sobre emissão de gases poluentes

Embora tenha apoiado acordo global para a redução do efeito estufa, Brasil precisa de mais agilidade no levantamento de dados. Última pesquisa é de 2005




O Brasil entra no escuro no acordo global aprovado no último domingo para a redução de emissões de gases do efeito estufa. O último levantamento amplo realizado pelo país sobre a liberação de substâncias poluentes na atmosfera foi divulgado no ano passado e traz dados até 2005. Os números revelam que o Brasil emitiu naquele ano 2,2 milhões de toneladas de gases nocivos à natureza. O próximo estudo será divulgado apenas em 2014. Além da falta de dados recentes, ainda não há uma definição de como o país vai trabalhar a mudança do uso do solo, como na agropecuária e no desmatamento – que é responsável por aproximadamente 79% dos gases responsáveis pelo aquecimento global. 

Representantes de mais de 190 países aprovaram durante a conferência sobre o clima de Durban, na África do Sul (COP-17), um protocolo de intenções destinado a reduzir os gases que provocam o efeito estufa. Até 2015, os países que mais poluem no mundo terão de se debruçar sobre os números de emissões de gases para ver quem vai cortar, e de que forma, a poluição. O objetivo é que um plano entre em vigor até 2020.

Segundo um estudo elaborado pelo instituto alemão IWR, o Brasil foi o 12.º maior emissor de CO2 em 2010, com 464 milhões de toneladas – geradas na produção de energia e em processos industriais. Na pesquisa anterior, o país ocupava a 15.ª posição no ranking. A China, com 8,3 bilhões de toneladas, os Estados Unidos, com 5,4 bilhões, e a Índia, com 1,7 bilhão, aparecem, respectivamente, nas três primeiras posições. Já um levantamento de 2008, da UNdata, apontou que cada brasileiro é responsável por emitir 1,9 tonelada de CO2 na natureza por ano.

Para o superintendente-geral da Fundação Amazonas Susten­tável, Virgílio Viana, a iniciativa do COP-17 foi um avanço para se de­­bater questões relacionadas ao meio ambiente. No entanto, ele acredita que o prazo para o acordo entrar em vigor é muito extenso. “Foi muito positivo um acordo no qual todos os países aceitaram reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Porém, os prazos são insuficientes para atender a um problema que cresce a cada dia”, afirma.

Desafio

O principal desafio do país é conseguir controlar a emissão de gases poluentes no campo, medida que deverá estar incluída no acordo global de 2015. Para isso, será necessário investir em políticas públicas para reduzir o desmatamento e na aplicação da agricultura sustentável. Como a maioria da poluição atmosférica é oriunda do campo, o pesquisador e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Carlos Alberto Sanquetta ressalta a necessidade de um investimento específico para o setor.

Segundo ele, é indispensável um manejo diferente do solo. “Uma das formas é produzir a mesma quantidade de alimentos em uma área menor de produção. Além disso, é preciso usar o solo corretamente, sem grande emissão de carbono. Isso requer capacitação dos produtores e não será feito do dia para a noite”, salienta o pesquisador, que participou do encontro na África do Sul.


Prorrogação

Medida emergencial

Como o acordo global de redução da emissão de gases do efeito estufa só vigora depois de 2015, ministros e delegados do COP-17 optaram por prolongar o Protocolo de Kyoto, que seria encerrado em 2012. Três membros não participam da prorrogação: Rússia, Canadá e Japão. O projeto reinicia em 2013 e termina em 2017.

O tratado é o único acordo em vigor sobre a redução das emissões. Ele exige que quase 40 países desenvolvidos reduzam suas emissões de gases do efeito estufa em 5,2%. Porém, os principais poluidores, Estados Unidos e China, permanecem fora do acordo.

Também foi lançado o Fundo Verde do Clima, com a promessa de destinar US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para combater emissões e promover ações de adaptação à mudança climática nos países em desenvolvimento.

Controle

Inpe defende maior fiscalização

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prega uma fiscalização mais acirrada para controlar o desmatamento e o avanço da agropecuária em áreas florestais. Para o pesquisador Marcos Sanches, o país necessita de equipamentos mais avançados, que possam detalhar os locais em que ocorrem queimadas e devastação, por exemplo. “É preciso controlar esses pontos para impedir a emissão de gases letais à natureza. O país precisa ter um monitoramento mais eficaz para controlar o efeito estufa”, afirma.

Fonte: Gazeta do Povo

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