Paulo de Tarso Lara Pires, engenheiro florestal, advogado, é mestre em Economia e Política Florestal pela UFPR e doutor em Ciências Florestais (UFPR). Pós-doutorado em Direito Ambiental e Desastres Naturais na Universidade de Berkeley – Califórnia.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Brasil quer eliminar gases que afetam camada de ozônio


Governo instituiu um programa com o objetivo de zerar o uso de substancias nocivas à camada de ozônio até 2040

O governo federal instituiu nesta quarta-feira (27) o Programa Brasileiro de Eliminação dos Hidroclofluorcarbonos, com a intenção de zerar o uso dessas substâncias, nocivas à camada de ozônio, até o ano de 2040.

A medida, que foi publicada pelo Diário Oficial da União, será colocada em prática pelo governo, em parceria com o setor privado. Enquanto o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) se compromete a controlar a importação dos HCFCs, que não são feitos no Brasil, as empresas se empenham em usar cada vez menos essas substâncias.

O objetivo do Programa é incentivar a redução gradual dos HCFCs, por meio de metas:

até 2013, o Brasil deve manter o nível atual de uso das substâncias;
em 2015, a redução deve ser de 10%;
em 2020, de 35%;
em 2025, de 67,5%;
em 2030, de 97,5% e
finalmente, em 2040, a eliminação dos HCFCs deve ser total.

O uso dos Hidroclofluorcarbonos se popularizou em 1987, quando um acordo internacional chamado de Protocolo de Montreal proibiu o uso dos Clorofluorcarbonos (CFCs), que são ainda mais nocivos à camada de ozônio.

No entanto, apesar de menos destrutivos, os HCFCs também representam risco à camada de ozônio, o que levou ao desenvolvimento de outras substâncias que podem substitui-los - na refrigeração de eletrônicos, entre eles geladeiras e ar-condicionados, e na fabricação de espumas e sprays - e cujo uso deve ser incentivado pelo governo brasileiro.

Fonte: Planeta Sustentável

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Defesa Civil começa a preparar-se para mudanças do clima



País abençoado por Deus. O velho slogan, imortalizado na música de Jorge Ben Jor, até faz sentido quando sabemos que o Brasil não registra terremotos, tsunamis, grandes nevascas ou furacões. Mas o cenário de aquecimento global com eventos climáticos extremos, das secas prolongadas às chuvas mais intensas e frequentes, pode modificar a imagem do "país bonito por natureza".

O município de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, onde em janeiro do ano passado uma enxurrada de quatro horas causou mais de 900 mortes e prejuízo de R$ 1 bilhão, é prova disso. O lugar tornou-se laboratório vivo para o aprendizado sobre a convivência com riscos climáticos. "O desastre catalisou mudanças e uma nova visão nacional para se preparar e lidar com o problema", ressalta Luiz Guilherme dos Santos, superintendente operacional de Defesa Civil do Rio de Janeiro.

"Não dá para esperar por soluções de longo prazo, sendo estratégico trabalhar na prevenção e não somente na tragédia instalada", acrescentou Santos, durante expedição que reuniu em junho especialistas em catástrofes naturais da América Latina. O grupo visitou as regiões atingidas em Friburgo, após a troca de experiências durante seminário de três dias nas instalações da Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH) - ONG brasileira que criou um centro de formação em resiliência em meio à Mata Atlântica da Baixada Fluminense, uma das áreas mais vulneráveis do Estado.

Na ocasião, Santos anunciou novas medidas preventivas contra acidentes. Além da capacitação já realizada com 3 mil moradores para operação de sistemas de alarme com sirenes que custaram R$ 6 milhões, o plano é criar 42 Unidades de Proteção Comunitária (UPC), seguindo o modelo das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) criadas pelo governo estadual para conter a violência nas favelas.

"O problema não é a chuva propriamente dita, mas a falta de percepção de risco pelos brasileiros", adverte Paulo Renato Vaz, diretor da Escola de Defesa Civil, lembrando que após a tragédia foram criados instrumentos legais que mudam o conceito de "defesa" para "proteção". A Lei Federal 12.608, de abril, que instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, obriga a inclusão do tema no currículo escolar do Ensino Fundamental. A diretiva atual prevê o planejamento participativo das ações, com engajamento e co-responsabilidade dos moradores. Apesar dos avanços, dizem os especialistas, permanece uma polêmica: a questão-chave é promover a convivência adequada com áreas de risco ou impedir a ocupação desordenada e retirar a população?

A questão-chave é promover a convivência adequada com áreas de risco ou impedir a ocupação desordenada?

"A maior catástrofe natural do país, ocorrida em Friburgo e arredores, não pode ser tratada como algo normal de um verão chuvoso", afirma Sarah Cartagena, coordenadora do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres, em Santa Catarina. "Ninguém estava preparado para o pior", lamenta a pesquisadora. Ela informa que apenas 2 mil dos mais de 5 mil municípios brasileiros têm sistemas de defesa civil, conforme obriga a nova legislação - e a maioria dos que foram criados existe apenas no papel.

Devido à demora do processo burocrático, recursos federais de socorro chegam muitas vezes após as ações de resposta aos desastres e acabam não utilizados. O governo está agora criando um sistema informatizado para o registro de desastres e repasse de verba, previsto para ser inicialmente testado no Rio de Janeiro e Minas Gerais.

"Estamos no limite da desgovernança", lamenta a deputada estadual Aspásia Camargo (PV-RJ), ao criticar a inércia para os casos de acidentes naturais e os problemas que atrasam as obras preventivas e de recuperação da área atingida em Friburgo e municípios vizinhos. "Existe solução técnica, mas falta vontade política", diz o engenheiro Adacto Ottoni, do Crea-RJ, autor dos relatórios de inspeção sobre a catástrofe na Região Serrana com recomendações que até hoje não foram cumpridas. "Dragagens isoladas, sem a execução de obras estruturantes permanentes, não resolvem o problema", adverte o engenheiro.

"A situação é preocupante e serve de exemplo para os países vizinhos", enfatiza Rubem Topete, diretor do Fundo de Desastres Naturais do México, durante visita de campo aos povoados de Friburgo. Ao seu lado, Sandra Amlang, coordenadora da campanha da ONU "Desenvolvendo Cidades Resilientes", observa os escombros à beira do rio no distrito Córrego Dantas, onde 70% dos moradores perderam suas casas. Até o momento nenhuma moradia em ruína foi demolida em razão de medidas judiciais contra o processo de indenização e relocação dos moradores pelo governo. Planeja-se construir na área um parque fluvial - obra embargada devido ao risco de provocar ainda mais assoreamento e prejudicar vilarejos rio abaixo em caso de nova enxurrada.

Fonte: Valor Econômico

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Reflorestamento amplia alternativas de renda para o produtor rural


Além da integração entre pasto e lavoura, o produtor rural tem o reflorestamento como opção sustentável para a recuperação de áreas degradadas. Para o engenheiro agrônomo Ronaldo Crescente, com a união dos três sistemas – lavoura, pecuária e floresta – é possível promover a recuperação do Cerrado com produtividade e sustentabilidade, ampliando as alternativas de renda para o produtor rural.

“São três possibilidades de receita, sendo que a agricultura dá receita no curto prazo, a pecuária dá no médio e a atividade florestal no longo prazo. Dessa forma, o produtor reduz riscos de clima e de mercado.”

O técnico do Ministério da Agricultura Maurício Carvalho explica que essa técnica é feita, normalmente, com o eucalipto. “Plantio de eucalipto ou outra espécie que se ajuste bem à realidade local dela. O eucalipto é bom porque você tem um mercado comprador, você usa, pode vender em qualquer local, mesmo em uma cidade pequena, tem mercado para isso.”

A silvicultura é um investimento de longo prazo, que leva até dez anos para render benefícios. O tempo varia de acordo com a utilização que vai ser dada à madeira, que pode servir para a produção de energia, com o carvão, para a produção de papel ou para a construção civil e a industria moveleira.

De acordo com Maurício Carvalho, o planejamento é feito de acordo com a capacidade do produtor e com a realidade da fazenda, para saber o que se ajusta melhor a cada situação. O produtor Francisco de Assis Inácio, que tem uma fazenda perto de Goiânia, plantou eucalipto em uma área degradada, seguindo um projeto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“Foi feito o reflorestamento e a gente diminui um pouco a quantidade de gado, mas ainda sobra pastagem embaixo da floresta. Então você conjuga gado e eucalipto. Já notamos os benefícios ao meio ambiente, com a volta de lobos e seriemas à propriedade.”

Além da venda da madeira, ainda é possível negociar créditos de carbono com a floresta de eucalipto. Para quem está interessado nessas alternativas sustentáveis, há linhas de crédito que podem ser acessadas, como recursos Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).

Fonte: Agência Brasil




quinta-feira, 21 de junho de 2012

Saiba o que está sendo discutido na Rio+20 - Resumo do texto


Os países participantes da conferência ambiental Rio+20 discutem uma proposta de declaração final a respeito do crescimento sustentável, mas há pouca expectativa de acordo.

O evento da ONU marca duas décadas da primeira conferência ambiental do Rio, em 1992, da qual decorreram um tratado global de proteção da biodiversidade e, em 1997, o Protocolo de Kyoto, prevendo limites à emissão de gases do efeito estufa, que expira neste ano.

O evento no Rio, com representantes de 190 países, deveria resultar em uma série de acordos políticos para melhorar o padrão de vida mundial e proteger o ambiente.

Após mais de um ano de negociação, diplomatas chegaram na terça-feira a um texto-base de 49 páginas, que será apresentado na sexta-feira para a aprovação dos líderes participantes.

- A seguir, um resumo do texto:

METAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (MDS)
Esperava-se que a Rio+20 estabelecesse metas em áreas importantes, como segurança alimentar, água e energia.

Mas as expectativas são baixas quanto às chances de um conjunto de medidas com prazos e cumprimento obrigatório, já que os políticos estão mais preocupados com a crise financeira global e com as turbulências no Oriente Médio.

O texto propõe lançar um processo que leve à definição das MDSs, as quais provavelmente irão se sobrepor e avançar sobre as chamadas metas de desenvolvimento do milênio, que foram definidas antes do ano 2000 para serem implantadas até 2015.

"Resolvemos estabelecer um processo intergovernamental inclusivo e transparente acerca das MDSs, que seja aberto a todos os interessados com uma visão para o desenvolvimento de metas para o desenvolvimento sustentável global, a serem acordadas (em setembro) pela Assembleia Geral da ONU", diz o texto.

Quando as MDSs foram definidas e aprovadas, elas devem entrar em vigor a partir de 2013/14, segundo observadores.

SUBSÍDIOS A COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Esperava-se também que a Rio+20 resultasse em um compromisso para que todos os países eliminassem subsídios aos combustíveis fósseis.

Eliminar gradualmente tais subsídios até 2020 permitiria uma redução de 5 por cento na demanda energética global anual, e de quase 6 por cento nas emissões de dióxido de carbono, segundo a Agência Internacional de Energia.

Em 2009, líderes do G20 concordaram em princípio com isso, mas nenhum prazo foi estabelecido desde então. A cúpula do G20 que terminou na terça-feira no México tampouco resultou em algo mais firme.

O texto base da Rio+20 reafirma compromissos anteriores dos países de "eliminar subsídios nocivos e ineficientes aos combustíveis fósseis que encorajam o consumo dispendioso e abalam o desenvolvimento sustentável".

Mas o texto não chega a agregar cronogramas ou detalhes aos compromissos voluntários, o que frustrou alguns grupos ambientais e empresariais.

OCEANOS
O texto propõe uma "ação para reduzir a incidência e os impactos da poluição sobre os ecossistemas marinhos, inclusive por meio da implementação efetiva de convenções relevantes adotadas no marco da Organização Marítima Internacional".

Também propõe que os países ajam até 2025 para obter "reduções significativas" dos dejetos marítimos que causem dano aos ecossistemas, e que se comprometam em implementar medidas que impeçam a introdução de espécies marinhas invasivas e gerenciem seus impactos ambientais adversos.

A proposta reitera também a necessidade de mais empenho contra a acidificação dos oceanos.
No entanto, uma aguardada decisão sobre a estrutura de governança para o alto mar foi adiada para daqui a alguns anos.

EUA, Japão, Canadá, Rússia e Venezuela se opuseram à adoção de termos fortes relacionados à implementação, segundo observadores.

FINANÇAS
O texto previa um novo processo intergovernamental que leve a um relatório estimando quanto dinheiro é necessário para o desenvolvimento sustentável, e quais instrumentos novos e existentes podem ser usados para angariar mais dinheiro.

O processo será conduzido por um grupo com 30 integrantes, o qual irá concluir suas atividades até 2014. Embora algumas nações em desenvolvimento tivessem solicitado a criação de um fundo de desenvolvimento sustentável no valor de 30 bilhões de dólares, o texto não contempla tal ideia, dizendo em vez disso que "reconhece a necessidade de uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de fontes".

PROGRAMA AMBIENTAL DA ONU
Outro possível resultado da cúpula seria o fortalecimento do Programa Ambiental da ONU, transformando-a em uma agência com os mesmos poderes de órgãos como a Organização Mundial da Saúde.

O texto-base propõe a realização de uma reunião geral da ONU em setembro para adotar uma resolução que "fortaleça e promova" o Programa Ambiental, dando-se "recursos financeiros seguros, estáveis, adequados e ampliados" a partir do orçamento da ONU e de contribuições voluntárias.

Mas alguns países, como os EUA, são contra fortalecer o mandato do Programa Ambiental.


ECONOMIA VERDE
Um dos principais temas da conferência é o conceito de "economia verde", ou de melhoria do bem-estar humano e da igualdade social aliada à redução dos riscos ambientais, o que poderia ser um percurso comum para o desenvolvimento sustentável.

O texto afirma que cada país poderia ter o seu próprio caminho rumo à "economia verde", e que a Rio+20 poderia apresentar opções para a adoção de políticas, mas sem estabelecer um "conjunto rígido de regras".
PIB+

Outro conceito é o desenvolvimento de uma forma alternativa para a mensuração da riqueza - chamada de PIB+ -, de modo a levar em conta o patrimônio natural dos países.

O texto reconhece a necessidade de "medidas mais amplas de progresso para complementar o PIB", de modo a permitir decisões governamentais mais embasadas. Ele solicita à Comissão Estatística da ONU que lance um programa de trabalho para ampliar iniciativas já existentes.

Fonte: Reuters


terça-feira, 19 de junho de 2012

Maiores cidades do mundo se comprometem a reduzir poluição


O anúncio foi feito pelos prefeitos de Nova York, Michael Bloomberg, e do Rio de Janeiro, Eduardo Paes


O prefeito do Rio, Eduardo Paes, de São Paulo, Gilberto Kassab, de Nova York, Michael Bloomberg (ao centro da foto, ao lado de Paes) e mais cinco prefeitos de outras grandes cidades do mundo, como Joanesburgo, Seul e Buenos Aires

As maiores cidades do mundo comprometeram-se hoje (19) a reduzir em até 248 milhões de toneladas as emissões de gases de efeito estufa até 2020. O anúncio foi feito pelos prefeitos de Nova York, Michael Bloomberg, e do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, durante o encontro anual dos mandatários das maiores cidades do mundo (C40), com 59 integrantes. Segundo os prefeitos, há potencial para reduzir as emissões em cerca de 1,3 bilhão de toneladas até 2030, mais do que o México e o Canadá poluíram juntos em 2008.

Paes afirmou que o compromisso do C40 não é apenas uma carta de intenções, mas sim um desafio assumido pelos municípios. “A cidade se sente obrigada a cumprir os desafios assumidos aqui. O Rio será guardião desse desafio.”

“As megacidades já estão implementando estratégias de redução de gases de efeito estufa. Todas as cidades do grupo C40 têm programas. Não esperamos os governos nacionais tomarem a dianteira e aprovarem recursos”, disse Bloomberg que também é o presidente do grupo C40. Ele citou  Nova York como exemplo e disse que a cidade reduziu as emissões de gases de efeito estufa em 13% nos últimos cinco anos.

Agência Brasil

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Governo do Paraná fará mapeamento das áreas de florestas no estado


Segundo o governo, objetivo é promover ações de sustentabilidade.
Setor floresta movimentou R$ 3,2 bilhões em 2010.


O governo do Paraná fará um novo mapeamento de todas as áreas de floresta do estado. De acordo com o governo, o objetivo é poder definir, em um segundo momento, ações de desenvolvimento sustentável. O levantamento deve incluir tanto as áreas nativas quanto as que foram plantadas para a extração de madeira.

Segundo a Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), o custo desse mapeamento pode chegar a R$ 1 milhão. Desse total, o governo já disponibilizou R$ 400 mil para o início dos trabalhos, que devem começar nos próximos dias.

O mapeamento deverá ser feito com um satélite, de acordo com a metodologia definida junto ao Serviço Florestal Brasileiro. Conforme o governo, essa medida evita o deslocamento de técnicos até as florestas, reduzindo o custo do trabalho.

Para o governo, a importância do trabalho se deve ao impacto do setor florestal na produção agropecuária. Em 2010, o setor, que é responsável também pela produção de madeira, movimentou R$ 3,2 bilhões.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rio+20: Prevenção de desastres ganha espaço em debates ambientais

Em 2005, o furacão Katrina destruiu Nova Orleans e mostrou
a vulnerabilidade dos Estados Unidos (Foto: AFP/arquivo)
Cientistas propõem medidas de prevenção em áreas de risco.
Desde 1992, desastres naturais afetaram 4,4 bilhões de pessoas.


O balanço dos danos causados pelos desastres naturais nos últimos 20 anos é impressionante. Somando terremotos, enchentes e outros fenômenos, cerca de 4,4 bilhões de pessoas afetadas ao longo desse período. Os prejuízos chegam à casa de US$ 2 trilhões, e 1,3 milhão de pessoas morreram em decorrência dos eventos.

Os números foram apresentados durante um debate sobre a prevenção de desastres, realizado no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Terremoto de 2010 fez do Haiti o país com mais mortos em desastres
nos últimos 20 anos; mais de 230 mil pessoas morreram no
país nesse período (Foto: AFP/arquivo)
Desastres meteorológicos, como as chuvas e os furacões, podem ser agravados pela ação humana, já que a mudança climática tem influência direta sobre o ciclo da água. Gordon McBean, pesquisador da Universidade de Western Ontario, no Canadá, estima que 75% dos desastres estejam ligados ao aquecimento global.

No entanto, há fenômenos como os terremotos, que não podem ser evitados, e cuja previsão é mais difícil. Ainda assim, os cientistas lutam para inserir a questão na agenda do desenvolvimento sustentável.
“Não são os desastres em si que provocam mortes, é a falta de preparação para eles”, afirmou Gretchen Kalonji, diretora-geral assistente do Setor Científico da Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas (Unesco, na sigla em inglês).

Desde a Rio 92, o tema ganhou força nas discussões sobre o meio ambiente. A prevenção de desastres não era sequer citada na Agenda 21, documento sobre desenvolvimento sustentável elaborado naquela conferência. O “Rascunho Zero”, texto que norteia os debates da Rio+20, já traz várias considerações sobre o assunto.

Na visão dos cientistas, a questão dos desastres tem grande apelo junto à sociedade, o que pode servir como um incentivo para que os governos tomem medidas concretas. “O desastre é social, mas o risco é político”, apontou Kuniyoshi Takeuchi, diretor do Centro Internacional de Riscos Hídricos e Gerência de Riscos.

“A função dos governos é proteger suas populações. Se há investimentos militares, deveria haver investimentos contra os desastres também”, comparou Gordon McBean, da Universidade de Western Ontario.

“Não é falta de vontade, realmente não é. É preciso encontrar os líderes na comunidade que vão abraçar a causa e promover a mudança. Isso é visto em muitos outros campos, como, por exemplo, o fumo. A única razão pela qual o fumo é proibido em muitos lugares é por que as pessoas decidiram que não queriam ser expostas ao fumo”, concordou Jane Rovins, diretora executiva do Programa de Pesquisa Integrada sobre Risco de Desastres.

Na visão da especialista, a ciência já evoluiu bastante na previsão de desastres como furacões e tornados, o que pode salvar muitas vidas. No caso dos terremotos, embora a previsão não seja precisa, as áreas de risco são bem conhecidas.

Uma dessas áreas é o Japão, citado por Rovins como um exemplo a se seguido. “Quando se olha para o terremoto japonês, recentemente. Houve grande dano devido à questão nuclear e ao tsunami, mas quando se observa só o impacto do terremoto, houve muito pouco estrago, porque o Japão foi muito proativo, tomou muitas iniciativas, teve vontade política, social e local para adotar medidas de redução de risco contra terremotos”, avaliou.

Fonte: G1

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mudança do clima custou quase o PIB brasileiro

Segundo a ONU, o mundo perdeu mais de US$ 2 trilhões em duas décadas por causa de desastres


Sebastien Nogier/Reuters

A imobilidade do planeta para frear as mudanças climáticas e reduzir os desastres naturais ocorridos entre a Eco-92 e a Rio+20, que começou nesta quarta-feira, 13, custou ao mundo mais de US$ 2 trilhões, o equivalente a quase todo o PIB brasileiro, segundo estudo divulgado pela ONU.

No Brasil, quase 21 milhões de pessoas foram afetadas desde 1992. Os prejuízos seriam mais que suficientes para pagar por todos os estádios da Copa de 2014.

Diante do impasse nas negociações no Rio de Janeiro, a representante especial da ONU para redução de riscos de desastres naturais, Margareta Wahlstrom, alertou que nos últimos 20 anos 1,3 milhão de pessoas foram mortas e 4,4 bilhões fora afetadas, dois terços do planeta.

“Os números contam a história”, alertou. “Espero que a conferência leve em consideração as perdas que o planeta sofreu nos últimos 20 anos desde a última conferência.”

Para ela, os governos precisam encarar a realidade dos impactos humano e econômico desde a Eco-92. “Desde aquele ano, vimos prejuízos econômicos recordes, um número enorme de pessoas mortas e milhares de deslocados, feridos e que perderam suas casas por conta de eventos extremos, alimentados pela rápida urbanização, pobreza e degradação ambiental”, indicou ela.

Em termos de desastres, o que afetou um maior número de pessoas no mundo foram as enchentes, atingindo 2,4 bilhões de pessoas. Já as tempestades foram as que deixaram o maior rastro de prejuízo: US$ 720 bilhões em 20 anos.

No entanto, os dados mostram uma realidade ainda mais curiosa. As localidades com mais perdas econômicas não são aquelas situadas onde a população foi mais afetada.

Em termos de impacto humano, o maior número é o da China, com 2,5 bilhões de pessoas afetadas por desastres naturais. A Índia, com 928 milhões de pessoas afetadas, e Bangladesh, com 136 milhões, estão entre os líderes. Nenhum país desenvolvido está entre os dez locais onde a população mais sofreu, o que revela o impacto do investimento.

O Haiti, por conta do terremoto que sofreu, é o local que contou o maior número de mortos, foram 230 mil. A Indonésia vem em segundo lugar, com 185 mil, seguida por Mianmar, com 139 mil.

Já os maiores prejuizos econômicos foram registrados justamente nos países ricos. Nos Estados Unidos, as perdas chegaram a US$ 560 bilhões em 20 anos. No Japão, foram outros US$ 402 bilhões. “Esses números de pessoas afetadas e prejuízos são chocantes quando se considera que isso significa oportunidades perdidas, vidas destruídas, perdas de moradia, de escolas e de saúde, além dos prejuízos culturais e das estradas destruídas”, disse.

Proposta. Para a representante da ONU, o mundo precisa ir além. Ela sugere que a conferência do clima estabeleça metas realistas, e com prazos. “Isso garantirá que erradiquemos o disperdício de recursos humanos, sociais e econômicos”, disse. “Temos os meios. Sabemos fazer”, insistiu.

A ONU já aprovou há cinco anos um plano de ação para reduzir o impacto de desastres e preparar ações para prevenir áreas em risco. Mas muitos governos jamais o implementaram. Até o ano passado, o governo brasileiro havia engavetado o plano, agiu apenas quando a região serrana no Rio de Janeiro foi destruída por enchentes e deslizamentos de terra.

No total, os custos do desastres no Brasil somaram US$ 6,9 bilhões. 20,6 milhões de pessoas foram afetadas por chuvas, secas e deslizamentos. Mais de 3 mil morreram desde 1992.

Nos últimos dez anos, só as enchentes no Brasil custaram nove vezes mais que o investimento feito pelas autoridades para evitar mortes. Esse prejuízo milionário pode ameaçar até mesmo plano de desenvolvimento no País nas próximas decadas.

Um ranking elaborado pela ONU estima que o Brasil é o 13º país mais vulnerável no que se refere às enchentes no mundo. Por esse ranking, o Brasil é o 18° país no mundo que mais sofreu prejuízos econômicos a cada ano por conta das chuvas nos últimos dez anos. O País é ainda o primeiro da América Latina. Em termos de deslizamentos, o Brasil é o 14º mais vulnerável.

Agência Estado

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Começa hoje a Rio+20


Bloco da União Europeia abriu negociações na manhã desta quarta.
Conferência debate desenvolvimento sustentável até dia 22.

Foto: Agência O Globo

A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, começou na manhã desta quarta-feira (13), com uma sessão de abertura no Riocentro. Com isso, os países começam a negociar metas de desenvolvimento sustentável internacionais.

Durante a plenária, o secretário-geral da ONU para a Rio+20, o chinês Sha Zukang, disse que as negociações estão na "fase do vai ou racha", onde os diplomatas "não podem errar."

“Precisamos acelerar drasticamente o ritmo, temos apenas três dias de negociações, são dias onde tudo ou vai ou racha, em que precisamos nos concentrar nas discussões-chave. Uma grande responsabilidade está sob nossos ombros, simplesmente não podemos errar”.

O encontro, que ocorre 20 anos depois da Rio 92, deve reunir mais de 130 chefes de Estado em sua fase final, para debater propostas sobre como aliar o desenvolvimento econômico à proteção ao meio ambiente e à inclusão social.

Desta quarta (13) até a sexta (15) ocorrem as últimas negociações sobre o documento que será levado aos chefes de governo. Trata-se da "Reunião do Comitê Preparatório da Rio+20". Entre os dias 16 e 19, o governo brasileiro organiza mesas de debate sobre temas ligados à sustentabilidade com especialistas na área, nos “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável”. A fase final, chamada de “Segmento de Alto Nível”, com presidentes e líderes de governos, vai de 20 a 22 de junho.

As negociações nesta primeira fase ocorrem dentro de "blocos". O Brasil faz parte do "Bloco dos 77 + China", que reúne os países considerados "em desenvolvimento". Antes mesmo do início "oficial", no entanto, o bloco da União Europeia já fazia reuniões internas de negociação.

Um dos dos co-presidentes das negociações, o embaixador da Coreia do Sul, Kim Sook, afirmou que o mundo “está com os olhos voltados para o Rio” e explicou como funcionarão os grupos de discussão, além de distribuir os trabalhos.

Segundo ele, ainda há áreas sem acordo e “temos apenas três dias para finalizar esse documento [a reunião informal em torno do documento segue até o dia 15]”. “Devemos dar um documento limpo aos chefes de Estado, pois devemos isso à nossa geração e ao nosso planeta. O mundo todo está com os olhos voltados para nós e nós somos capazes”, disse Sook.

Mais cedo, em entrevista ao Bom Dia Brasil, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, negociador-chefe do Brasil, afirmou que a Rio+20 "vai definir metas para o mundo inteiro".

"Um dos principais resultados que nós já podemos prever será a adoção pela Rio+20, pelos chefes de Estado, de objetivos de desenvolvimento sustentável", disse. "Haverá uma coisa concreta, que será refinada por um processo de negociação imediatamente depois da Rio+20. Nós temos que definir metas para o mundo inteiro, não só para os países pobres, mas para os países ricos também, para que todos caminhemos no sentido da sustentabilidade."

O embaixador minimizou as ausências de Barack Obama (EUA), David Cameron (Grã-Bretanha) e Angela Merkel (Alemanha). "É impressionante o número de chefes de Estado que já confirmaram a sua vinda. Nós vamos ter mais chefes de Estado e de governo que tivemos na Rio 92. É natural que alguns chefes de Estado não possam vir por razões diferentes, mas seus países terão sempre uma voz muito ativa, porque eles serão representados também em bastante alto nível."


Discussão


De acordo com Zukang, são precisos desfechos para concretizar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, pontos que devem substituir as Metas do Milênio a partir de 2015 e que vão nortear o crescimento econômico dos países, respeitando o meio ambiente e com erradicação da pobreza (pilares da economia verde).

“Também são precisos desfechos nas ações voltadas para energia, água, desenvolvimento das cidades e empoderamento das mulheres. Precisamos avançar mais nos meios de implementação [liberação de dinheiro para projetos] (...) para que não seja só mais um documento bonito no papel”, disse.

Ele reiterou também a necessidade de definir ações para transferência de tecnologias voltadas para o desenvolvimento sustentável – um dos entraves da negociação, juntamente com as formas de financiamento da economia verde.

“Precisamos de desfechos históricos, produzir uma estrutura que atenda toda a humanidade”, finalizou.
saiba mais

Fora do Riocentro, outros eventos e mesas de debates acontecem em diversos locais do Rio de Janeiro. O maior deles é a Cúpula dos Povos, organizada por entidades da sociedade civil críticas à agenda oficial da Rio+20.

Humanidade 2012 tem instalações, seminários e oficinas (Foto: Marcos de Paula / Agência Estado/ AE)
No Forte de Copacabana, a Exposição Humanidade 2012 traz uma mostra gratuita e aberta ao público da diretora e cenógrafa Bia Lessa sobre os temas da Rio+20. O mesmo local recebe mesas de debate e, nos próximos dias, encontros de prefeitos e de empresários.

No hotel Windsor Barra, entre os dias 15 e 19, homens de negócios de todo o mundo se reúnem no "Forum sobre Sustentabilidade Global" para debater maneiras de impulsionar empresas levando em conta os quesitos de proteção ambiental.






segunda-feira, 11 de junho de 2012

Prevenção de Desastres no portal do Ministério do Meio Ambiente



O novo portal do Ministério do Meio Ambiente traz uma sessão sobre Prevenção de Desastres Naturais.  Saiba um pouco mais sobre Programa de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres do governo brasileiro:

Enquanto espaços privilegiados do encontro, da comunicação, dos intercâmbios e da concentração de informações, as cidades têm, historicamente, contribuído para impulsionar descobertas, avanços científicos e transformações progressistas das relações sociais. Ao mesmo tempo, enquanto produtos e expressão dessas mesmas relações, elas expõem sintomas de problemas não resolvidos. No Brasil e em muitas cidades latino-americanas, as marcas da forte exclusão social que comandou nossa história se revelam nos assentamentos habitacionais da população de baixa renda. Grandes contingentes vivem em moradias precárias, carentes de infraestrutura urbana e localizadas em áreas ambientalmente frágeis. Na maioria dos casos, tratam-se de comunidades em situação de extrema vulnerabilidade a desastres que decorrem de inundações, enxurradas, ou deslizamentos de terra, e colocam em risco a vida humana, de forma cada vez mais frequente em função das mudanças climáticas.

Mais recentemente, num contexto de crescimento econômico e de compromisso do governo brasileiro com a erradicação da miséria e resgate da dívida social, a vulnerabilidade aos desastres permanece como um desafio que vem sendo enfrentado. O Programa de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres, dirigido ao fortalecimento do Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC), por meio de um conjunto articulado de ações que incluem desenvolvimento institucional e intervenções estruturais, corretivas e preventivas, conta com crescente destinação de recursos orçamentários, que aumentaram de R$ 130 milhões em 2004 para R$ 3 bilhões em 2010.

Entre os fatores que justificam esse aumento de recursos, além do compromisso já mencionado, há também a maior frequência e intensidade de eventos climáticos extremos. Segundo dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional, que coordena grande parte das ações do Programa, o Executivo Federal emitiu, entre 2003 e 2009, um total de 10.803 Portarias de reconhecimento de situações de emergência ou estado de calamidade pública em municípios brasileiros. A média anual de cerca de 1.500 Portarias emitidas foi superada em 2010 com a emissão de 2.765 Portarias. A distribuição geográfica dessas ocorrências denota sua grande concentração nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, que são justamente as mais urbanizadas do país.

O sucesso do Programa, especialmente em áreas urbanas, depende diretamente de iniciativas da instância de poder municipal, tanto nas ações de resposta aos desastres – alerta, socorro, assistência às vítimas e reconstrução de áreas atingidas - quanto nas ações preventivas diretamente relacionadas às competências municipais sobre o planejamento e gestão do desenvolvimento urbano.

Para dar apoio aos municípios nessas questões, o Programa de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres prevê o mapeamento das áreas ambientalmente frágeis – geralmente áreas de preservação permanente definidas pelo Código Florestal – e o seu monitoramento, de forma a tornar efetivos o controle e fiscalização sobre as ocupações inadequadas de áreas de risco e a implementação das leis ambientais e urbanísticas.

No que se refere aos investimentos em intervenções estruturais de caráter preventivo, cabe destacar: o manejo adequado das águas pluviais mediante novos parâmetros para os projetos de drenagem; a implantação rápida de usos adequados em áreas onde ocorreu remoção de moradias em situação de risco, evitando-se novas ocupações; e a criação de parques e áreas de esporte e lazer em APP de margens de rios. É importante a participação das comunidades na elaboração dos projetos e acompanhamento das intervenções para a sua valorização e sustentabilidade.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Cresce preocupação dos brasileiros com o meio ambiente, mostra pesquisa

Aproximadamente 13% dos brasileiros dizem ter preocupação com o meio ambiente, segundo pesquisa divulgada hoje (6) pelo Ministério do Meio Ambiente. O percentual é mais do que o dobro do registrado há seis anos (6%).

De acordo com o levantamento, o meio ambiente está em sexto lugar na lista de preocupações dos brasileiros, ficando atrás de saúde/hospitais (81%), violência/criminalidade (65%), desemprego (34%), educação (32%) e políticos (23%). Há seis anos, o meio ambiente aparecia na 12ª colocação, à frente apenas de reforma agrária e dívida externa. Em 1992, ano da primeira pesquisa, o tema era sequer citado.

"Isso é resultado de um maior acesso à informação. Mas o meio ambiente também é visto como problema, e não como uma oportunidade", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

O principal problema ambiental citado pelos brasileiros é, desde a primeira pesquisa, o desmatamento de florestas (neste ano, com 67%). Outros principais problemas são a poluição de rios e lagoas (47%), a poluição do ar (36%), o aumento do volume do lixo (28%), o desperdício de água (10%), a camada de ozônio (9%) e mudanças do clima (6%).

Também são citados como problemas: extinção de animais/plantas (6%), falta de saneamento (3%), poluição por fertilizantes (3%), consumo exagerado de sacolas plásticas (3%) e falta de conscientização ambiental da população (2%).

A pesquisa mostrou, no entanto, que as belezas naturais são o principal motivo de orgulho para os brasileiros. Aproximadamente 28% das pessoas dizem que o meio ambiente brasileiro é motivo de orgulho, à frente do desenvolvimento econômico (22%), das características da população (20%), do pacifismo (13%), da cultura (6%) e da qualidade de vida (1%).

Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 5 de junho de 2012

Meio Ambiente: sobram discursos, faltam ações



Por Edson Luiz Peters 
Promotor de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente de Curitiba



Mais uma vez o Brasil é palco do maior evento e do mais importante fórum de meio ambiente do planeta: a Rio + 20.

As Nações Unidas e o Governo brasileiro se mobilizam e se articulam para receber comitivas e Chefes de Estado de mais de uma centena de Nações do Mundo para avaliar os resultados e projetar o futuro da Economia Verde no contexto da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

Vale a pena perguntar: o que mudou após a festejada Rio 92, a Convenção do Rio de Janeiro para o Meio Ambiente e Desenvolvimento? 

É verdade que a questão ambiental passou a ser mais debatida e criou-se até um Partido Verde no Brasil. As universidades incluíram o tema em seus programas acadêmicos, criaram novos cursos de graduação e programas de pós-graduação voltados para o desafio da sustentabilidade. É verdade que as empresas adotaram Politicas, Planos e Programas em busca do desenvolvimento limpo. 

A sociedade civil passou a se movimentar mais e o Estado tomou mais iniciativas ao invés da postura meramente reativa.

Porem é preciso mais para mudar a rota do “crescimento acima de tudo”. Não basta exigir licenciamento ambiental e fechar o cerco da fiscalização, com alguém já pensou no passado.

Um dos temas da Conferencia Rio+20 é a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. Neste eixo cabem algumas reflexões sobre a realidade institucional ambiental brasileira.

Ainda existe a ideia de que preservar é papel do Estado através de seus aparatos fiscalizadores e repressores. Ainda o modelo de comando e controle é preponderante sobre as poucas iniciativas de estimulo e compensação, que podem premiar os conservadores da natureza.

Mais de 90% da legislação ambiental é restritiva, impeditiva, proibitiva e repressora e, ainda que fosse aplicada, traria poucos resultados na busca do equilíbrio ambiental.

O pagamento ou compensação pelos serviços ambientais prestados pela natureza ainda é tímido neste 3º milênio, cujas metas não saíram do papel. A fiscalidade ambiental é instrumento eficaz de preservação, ainda que pouco usado pelo poder público.

A transferência de potencial construtivo das áreas verdes preservadas nas cidades é muitas vezes inviabilizada pelos governantes locais que se deixam iludir com a perspectiva de arrecadar recursos de forma rápida e aparentemente fácil através da venda em bolsas de valores.

O sistema tributário é injusto com os Municípios, que acabam cedendo à pressão imobiliária e dos grupos econômicos e autorizam obras e atividades incompatíveis com o desenvolvimento sustentável.

O financiamento das campanhas pelo capital privado gera permissividade e promiscuidade que reflete no afrouxamento da fiscalização ambiental e na facilitação da concessão de autorizações e licenças.

A partidarização politica dos órgãos ambientais, que tem seus dirigentes indicados pela coligação que ganha a eleição, retira a independência de nossas frágeis agencias ambientais.

O jogo econômico se impõe sobre tudo e sobre todos como se fosse a única urgência. É verdade que numa Nação onde não se garantem os direitos de primeira geração (alimento, trabalho, moradia digna, educação, renda, saneamento e saúde publica) é difícil exigir que se respeitem direitos e deveres de 3ª geração, como é o caso do direito ao ambiente equilibrado, respeito ao consumidor, etc.

Analisando a história recente, a questão ambiental no Brasil foi reduzida ou apequenada entre dois extremos: a agropecuária, o agronegócio, de um lado, e os ambientalistas do outro. É um debate pobre, ideológico e sem perspectiva de evolução. Há uma miopia que impede os avanços rumo à sustentabilidade.
É o pior exemplo dos últimos tempos: o fraco debate do novo Código Florestal brasileiro que despreza o papel das florestas na manutenção do ciclo da água e outros tantos aspectos relevantes. Apesar de tantas terras ociosas neste imenso território brasileiro, ainda se quer atribuir ao meio ambiente a baixa produtividade agrícola, os prejuízos da agricultura e falta de investimento em novas tecnologias.

Lamentavelmente o meio ambiente virou o bode expiatório de muitos empreendedores e produtores no Brasil, que passam a olhar o movimento ambiental como inimigo do desenvolvimento. No outro extremo há ambientalistas quer perderam o senso da razoabilidade.

Falta pesquisa, aplicação do conhecimento cientifico e visão de futuro para ambas as partes que polarizam o debate.

É importante lembrar que a questão ambiental é muito maior e mais complexa do que se viu no Congresso Nacional. Transformou-se numa questão de segurança nacional diante de tantos desastres naturais e tantos prejuízos humanos e materiais que isso tem trazido para a Nação brasileira. 

Não há economia que resista a tantas perdas impostas pela degradação e poluição que compromete o futuro da Nação.

Não há bem maior que as nossas riquezas naturais, nossa biodiversidade e nossa soberania ambiental, capazes de garantir um futuro digno para as futuras gerações. Talvez seja esta a principal missão das Forças Armadas no presente e no futuro.

A legislação ambiental não evolui na mesma proporção das necessidades de mudança, eis que continua promovendo divórcios entre o homem e a natureza, como se não fosse possível conciliar o desenvolvimento com a preservação.

Há um diferencial de ritmo. O Estado regulador não alcança o Mercado e a velocidade da economia ultrapassa de longe os meios de controle e a fiscalização dos órgãos ambientais.

O padrão de consumo impulsionado por medidas de politica econômica do Governo Federal torna cada dia mais insustentável o modelo de crescimento acelerado adotado por aqui.

O Ministério Público consegue compensar parte desta fragilidade das agencias ambientais, que não raras vezes cedem diante da pressão de grupos econômicos e políticos. Mas nem sempre as Promotorias de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente chegam a tempo e raramente tem estrutura para dar conta da demanda crescente.

As Delegacias de Policia de Proteção Ambiental tem um papel muito mais simbólico que efetivo, pois carecem de estrutura humana e material mínima para o desempenho das funções. Os Batalhões Ambientais sofrem igualmente com a carência de recursos tecnológicos e humanos para bem exercer seu complexo mister.

Entre leis fortes e agencias fracas sobram discursos elaborados e apaixonados e faltam ações capazes de converter em realidade os bonitos preceitos constitucionais.

Como resultado direto aumenta a demanda judicial na área ambiental e dificilmente existem técnicos na estrutura do Judiciário para a necessária assessoria neste campo. Tramitam as ações civis publicas sem prioridade e misturadas na mesma agenda com milhares de ações de natureza individual e patrimonial. 

No entanto, pode-se afirmar que existe mais informação, mais debate, mais cursos e mais Ciência sobre as questões ambientais. Porem, estamos longe de ter uma população educada e ambientalmente alfabetizada. 
A consciência ambiental só se forma com educação. A maioria ainda tem a falsa impressão de que não pode fazer nada, se sente pequeno diante da grandeza do problema. Aí reside o engano: as verdadeiras mudanças e inovações ocorrem a partir das ideias e iniciativas individuais e locais. Dificilmente teremos soluções vindas das organizações globais, das grandes conferencias ou dos governos nacionais.

Definitivamente a questão ambiental ainda não é popular e não ocupa os primeiros lugares entre as preocupações dos governos, das empresas e da sociedade.

Apesar de todas as evidencias de que estamos no caminho errado ainda nos permitimos deixar para amanhã ou para a próxima geração, pois sempre há uma crise que parece maior e mais urgente que a crise ambiental.




segunda-feira, 4 de junho de 2012

Mercado voluntário de carbono alcança US$ 576 milhões


Ferramenta que facilita o investimento em ações de redução de emissões de gases do efeito estufa registrou em 2011 o maior valor de transações nos últimos três anos


 Apesar da crise econômica que assola a Europa e que está freando até o crescimento dos países emergentes, os resultados do mercado voluntário de carbono em 2011 surpreenderam e demonstram o maior interesse corporativo por iniciativas climáticas.

De acordo com o relatório State of the Voluntary Carbon Markets 2012, as transações de créditos de carbono no mercado voluntário em 2011 somaram US$ 576 milhões, ficando atrás somente do número alcançado em 2008, US$ 776 milhões.

Os compradores corporativos dominaram o mercado, contribuindo com US$ 368 milhões, cerca de 65%. A maioria das transações foi originada na Europa, porém o relatório reconhece o crescimento do interesse de empresas norte-americanas pelos créditos voluntários.

Imagens: Divisão no mercado voluntário por tipo
 de projeto e por países compradores / Ecosystem Marketplace 
“A demanda tem se mantido forte mesmo com as condições econômicas desafiadoras. Os compradores corporativos estão realmente interessados em créditos de carbono e em ações de neutralização”, afirma Jamal Gore, diretor da Carbon Clear, empresa que patrocinou o relatório.

Os projetos de energia renovável foram os mais populares no ano passado, gerando 45% de todos os créditos comercializados. O setor eólico aparece como o grande dominante, respondendo por 30% do total do mercado.

O relatório também registra o aumento da participação de projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), alcançando 9%. Créditos com a combinação de padrões VCS e CCB são os mais populares, transacionando 2,8 MtCO2e em 2011.

“O State of the Voluntary Carbon Markets destaca o contínuo aumento da maturidade do mercado voluntário, o que, diante da atual crise no mercado compulsório, fica ainda mais louvável. A amplitude e a qualidade dos créditos disponíveis estão melhores do que nunca, em parte graças à evolução dos padrões e das inovações nas metodologias”, declarou Gore.

Brasil

Entre as nações latino-americanas, o Brasil segue sendo dominante, com o maior volume de geração de créditos, 5,7 MtCO2e. Os projetos estariam sendo estimulados pelo aumento do número de compradores no próprio mercado interno brasileiro.

Outra boa notícia para os desenvolvedores brasileiros é que os créditos com padrão VCS combinado com a certificação de Carbono Social aumentaram sua participação no mercado em 81%. Essa combinação é a mais utilizada por projetos de biomassa ou de substituição de combustíveis fósseis no Brasil.

Apesar de o relatório apontar que as políticas para o mercado voluntário têm sido aplicadas lentamente na América Latina, algumas iniciativas já chamam a atenção, como as do estado do Rio de Janeiro, que lançou a Bolsa Verde do Rio e prepara para a conferência Rio+20 o anúncio de um mercado de carbono propriamente dito.

Outra promessa que pode significar um grande salto nos números nacionais é a inclusão dos créditos florestais do Acre no mercado de carbono da Califórnia.

“O diálogo entre o governo californiano e os estados do Acre, no Brasil, e de Chiapas, no México, sobre criar um programa de REDD que funcione no mercado da Califórnia, tem acontecido. Porém, apesar desses sinais promissores, atualmente a diretoria do California Air Resources está apenas considerando essas opções e provavelmente não veremos o REDD na ferramenta antes do segundo período de compromissos (2015)”, afirmou Derik Broekhoff, vice-presidente de políticas do California Air Resources.

Fonte: Instituto Carbono Brasil

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Paraná lidera operações do Programa de Agricultura de Baixo Carbono


O Paraná é o estado com maior número de pedidos de financiamento aprovados na atual safra pelo Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que o governo federal lançou em 2010 para incentivar a adoção de técnicas agrícolas sustentáveis. No atual ano agrícola (julho 2011/julho 2012), foram financiados 457 contratos no Estado, no valor total de R$ 122 milhões. Depois do Paraná, o estado com maior número de contratos é Minas Gerais, com 424.

O valor total previsto para o programa na atual safra é de R$ 3,5 bilhões. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, embora o Paraná não seja líder em valor liberado – posição que, segundo o Banco do Brasil, cabe a São Paulo –, o expressivo número de propostas aprovadas mostra que a ideia de promover uma agricultura sustentável começa a se disseminar no Estado. 

A maior parte dos financiamentos no Paraná foi direcionada para recuperação e reforma de pastagens, plantio direto na palha, plantio de florestas comerciais, que são práticas previstas em programas de agricultura sustentável. Também foram financiados projetos de tratamento de dejetos animais.

A elevada adesão de produtores paranaenses ao Programa ABC é atribuída à tradição do Estado como tomador de crédito rural e à qualificação dos profissionais de ciências agrárias e florestais que orientam os produtores. 

Além disso, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento promoveu a articulação com 13 instituições dos setores público e privado, que passaram a integrar um grupo gestor do Programa ABC. O programa tem como diretriz a implementação de uma agricultura com balanço positivo de carbono, proporcionando estabilidade e incremento na produção de alimentos.

FINANCIAMENTO – Para o secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, o Plano ABC traduz um novo jeito de fazer agricultura, com tecnologia e sem grandes impactos no meio ambiente. Segundo ele, o programa representa uma oportunidade que os produtores devem aproveitar, já que as condições de financiamento – disponível no Banco do Brasil – são atrativas.

Os financiamentos têm taxa de 5,5% de juros ao ano e prazo de pagamento de até 15 anos, dependendo da finalidade. O secretário lembrou que no Paraná o programa ABC é concentrado na recuperação de pastagens e na disseminação das boas práticas de agricultura sustentável, como a integração lavoura, pecuária e floresta.

Com as linhas de financiamento do programa ABC, o Paraná conseguiu vitalizar também outros programas, como os de conservação de solos e água em microbacias, plantio direto com uso de palha e plantio de florestas, fomentados pelo governo do Estado. Também foi estimulada a adesão ao Pronaf Eco, linha de crédito que financia iniciativas de produção de energias renováveis e implantação de outras tecnologias ambientais. 

MUDANÇA – O secretário Ortigara observa que o desenvolvimento sustentável requer conscientização por parte dos agricultores. “Não é simples convencer o agricultor ou pecuarista de que o que ele fazia há muitos anos agora não é mais recomendável”, afirma. Segundo ele, a única forma de promover mudanças é por meio da capacitação. Por isso, em parceria com os estados, o Programa ABC investe na capacitação e educação de técnicos e produtores.

As empresas vinculadas à Secretaria da Agricultura participam do processo com pesquisas, assistência técnica e extensão rural, propiciando aos produtores rurais o acesso a tecnologias de baixa emissão de carbono. As instituições da iniciativa privada que atuam no programa ABC colaboram para a implementação das medidas. O Sistema Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), por exemplo, comprometeu-se a financiar 50% dos custos dos cursos de qualificação para os técnicos e 100% dos custos dos cursos de qualificação dos produtores.

Dentro do programa ABC, o Banco do Brasil financia também sistemas orgânicos de produção; sistemas integrados de lavoura, pecuária e floresta; florestas comerciais; recomposição de áreas de preservação permanente ou de reserva legal.

Fonte: AEN

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