Paulo de Tarso Lara Pires, engenheiro florestal, advogado, é mestre em Economia e Política Florestal pela UFPR e doutor em Ciências Florestais (UFPR). Pós-doutorado em Direito Ambiental e Desastres Naturais na Universidade de Berkeley – Califórnia.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Ministério de Meio Ambiente criará Comitê para acompanhamento do Código Florestal



Durante a Plenária da semana passada do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) a Ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira anunciou que criará um comitê com a participação da sociedade civil organizada para monitorar e debater com os estados, municípios e os atores privados a implementação do Novo Código Florestal.

A criação deste comitê é uma resposta do Ministério de Meio Ambiente à proposta feita pelo IPAM e pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde, em novembro de 2012, de criação de um Grupo Assessor do CONAMA para acompanhar a regulamentação e a implementação dos Planos de Regularização Ambiental (PRA) previstos pelo artigo 59 da lei 12.651 aprovada em maio de 2012 (Novo Código Florestal).

O prazo para entrada em vigor dos PRA nos estados é 26 de maio de 2013, prorrogável por mais um ano. Considerando esse prazo algumas organizações da sociedade civil, dentre elas o IPAM, o WWF, a CI, o ICV, a SOS Mata Atlântica, a Apremavi e o GTA estarão criando, no dia 21 de maio próximo, em seminário na Câmara dos Deputados, o "Observatório do Código Florestal" que tem por objetivo acompanhar a implementação da nova lei e atuar para evitar que mais retrocessos aconteçam sob o pretexto de implementação da nova lei.

O assessor de Políticas Públicas do IPAM e membro do CONAMA pelo IDPV, André Lima, reforçou durante a plenária do CONAMA que é fundamental que este Comitê tenha membros indicados pelo próprio CONAMA, que conte com a participação de organizações socioambientalistas e dos setores interessados e que seja aberto e transparente em suas pautas, debates e deliberações. Reforçou ainda que este comitê deve ser criando antes do 1o aniversário da Lei que acontecerá no dia 26 de maio próximo para desmonstrar o real interesse em que ele de fato cumpra com seus objetivos.

A preocupação do IDPV, do IPAM, e das demais organizações proponentes do Observatório do Código Florestal, externada na Plenária do CONAMA por André Lima é que os Programas de Regularização Ambiental devem estabelecer diretrizes claras, com prazos e metas, para enfrentamento dos novos desmatamentos ilegais (ocorridos após julho de 2008) e devem também indicar os instrumentos para a definição transparente e cientificamente fundamentada das áreas e bacias hidrográficas com taxas críticas de desmatamento onde as flexibilizações para a recomposição de APP, compensação de Reserva legal e a consolidação de uso de áreas desmatadas ilegalmente sofrerão restrições. Os PRA também devem oferecer medidas concretas para incentivos econômicos e tributários aos produtores rurais que vem cumprindo a Lei anterior. Em outras palavras não somente o lado das flexibilizações deve ser implementado, mas a Lei como um todo.

Sem uma instância oficial e nacional de monitoramento aberto, público, participativo e transparente acerca da implementação do Código florestal é certo que somente as anistias e flexibilizações vão chegar ao chão. O IPAM espera que o Comitê seja de fato criado e cumpra com o objetivo de exercer um controle social amplo e real e de estabelecer os pactos sociais necessários para que o desmatamento no País fique sob controle, que haja segurança jurídica para a produção rural e que as áreas rurais vulneráveis (em especial as de preservação permanente) que exercem papel ecológico essencial sejam restauradas.

FONTE: IPAM

quarta-feira, 27 de março de 2013

Brasil terá seu primeiro modelo climático na ONU


Programa desenvolvido pelo Inpe será o primeiro a ter aval do IPCC na América Latina. Elevação do nível do mar no Rio e previsão de enchentes são algumas das simulações previstas na nova modelagem.




Pela primeira vez, o Brasil vai contribuir com um modelo climático para as previsões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) que reúne estudos do mundo inteiro sobre o assunto. O modelo, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), fará do país o primeiro da América Latina a ter um programa de previsões climáticas reconhecido pelo órgão da ONU.

O Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre - nome oficial que, em inglês, recebe a sigla Besm -OA 2.3 - oferece resultados que são fruto da interação entre oceanos, atmosfera, biosfera e criosfera. Trata-se de um acompanhamento dos ciclos dos gases e das mudanças que eles podem sofrer. É possível estimar a variação da concentração de gases de efeito estufa para as próximas décadas, explica o climatologista Paulo Nobre, do Inpe:

- É uma simulação que nos mostrará o que virá pela frente. Dados de Desmatamento, por exemplo, serão utilizados no modelo, porque as mudanças causadas não são apenas instantâneas. Se a quantidade de carbono na atmosfera aumenta, a vegetação é afetada, e todo o bioma também. A partir desse modelo, poderemos estimar consequências para biomas específicos, como os Pampas, a Mata Atlântica, o Cerrado.

Uma equipe de cientistas trabalha em conjunto para começar a rodar no novo programa dados regionais específicos. Leva tempo até que as variáveis associadas sejam incluídas, mas, logo que isso for feito, será possível estimar, por exemplo, qual será a elevação do nível do mar na costa do Rio de Janeiro ou em que locais estão previstas chuvas mais concentradas, que têm gerado tragédias na Região Serrana.

Ou seja, trata-se de uma tentativa de representar a realidade futura para que haja tempo hábil de planejar adaptações, remoções de locais de risco ou planos de contingência.

Embora alguns especialistas ressaltem que o programa não tem ainda o mesmo grau de sofisticação dos modelos produzidos no Hemisfério Norte, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, o projeto brasileiro trará informações detalhadas sobre fenômenos tropicais importantes, que hoje são ponto fraco de modelos internacionais.

Fenômeno El Niño Além de ser bom para o país, esse olhar sobre as florestas tropicais é importante para o mundo inteiro, já que uma mudança na Amazônia terá consequências não apenas locais, mas também globais. Os gases de efeito estufa são lançados na atmosfera e lá permanecem por até 40 anos.

O artigo dos pesquisadores sobre o lançamento do modelo acaba de ser aprovado para publicação na "Journal of Climate", uma revista científica da Sociedade Americana de Meteorologia. Após a divulgação, ele será enviado para o IPCC. Entre as previsões que já podem ser apontadas pelo modelo, está o aumento de ocorrência do fenômeno El Niño, devido ao Desmatamento da Amazônia.

- Ele irá aumentar, se o Desmatamento continuar. Em uma das simulações que fizemos, removemos toda a Floresta Amazônica.

Nesse caso, haveria chuvas localizadas com o El Niño, mas em um panorama geral, haveria redução de 20% das chuvas - disse Nobre.

O modelo brasileiro está em desenvolvimento desde 2008 por uma força-tarefa de cientistas ligados ao Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, à Rede Clima do governo federal e ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas.

O trabalho no IPCC é compilar e analisar as informações obtidas pelos diferentes modelos de previsão.


Fonte: O Globo

terça-feira, 26 de março de 2013

Brasil garante uma nova supersafra de grãos, apesar dos problemas climáticos


Resultados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul evitam quebra nacional na produção de soja

O Brasil estabelece novo recorde de produção de grãos, mesmo com os problemas climáticos, mostra o Indicador Colheita da Expedição Safra Gazeta do Povo, elaborado após sondagens de campo em 14 estados. Apesar de uma série de veranicos ter afetado áreas expressivas em seis estados (RS, SC, MS, PI, MA, BA) e de as chuvas em excesso baixarem a qualidade dos grãos em Mato Grosso e pontualmente no Paraná, o Brasil confirma expansão de 21,9% na safra de soja em relação a 2011/12, com produção de 81,62 milhões de toneladas. No milho de verão, estão sendo colhidas 36,3 milhões de toneladas, com variação de 0,46% sobre 2011/12.

Essas duas projeções, somadas à previsão de 37,3 milhões de toneladas de milho de inverno, garantem 83% de uma safra com potencial para 185 milhões de toneladas, volume histórico que testa a estrutura nacional de armazenagem, transporte e embarque de grãos. Para o encerramento da safra de verão, falta colher um terço das lavouras de soja e cerca de 40% das de milho, trabalho que começou com atraso mas ultrapassou o ritmo dos últimos anos no início deste mês.

“Os veranicos causaram perdas expressivas e comprometeram o potencial da produção, mas no fim teremos mesmo mais uma safra histórica”, diz Robson Mafioletti, assessor técnico econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), que participa da Expedição. Em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados, houve perdas de até 60%. No Rio Grande do Sul, as quebras não chegaram a esse ponto porque as lavouras são mais tardias e houve chuvas nos últimos dois meses. Em Santa Catarina, na região de Campos Novos, mesmo áreas replantadas apresentaram quebra de 30%.

Na nova fronteira agrícola do Centro-Norte, principalmente no Piauí e na Bahia, houve casos de perda total. Mesmo quem plantou de forma escalonada mas foi discriminado pelas chuvas registra prejuízo. “Estou com médias de 10 a 20 sacas por hectare (600 kg a 1,2 mil kg/ha). Nas partes que pegaram uma chuva a mais, chega a 40 (2,4 mil kg/ha). Porém, minha média de 65 (3,9 mil kg/ha) não vai chegar a 20 (1,2 mil kg/ha) no fim das contas”, calcula Gilberto Magerl, que plantou 4 mil hectares de soja em Formosa do Rio Preto (Oeste da Bahia).


O Oeste baiano retrata bem a grande oscilação registrada nas médias de produtividade. Arnaldo Curione, de Roda Velha, distrito de São Desidério, colhe até 3,9 mil kg/ha em áreas que, um ano atrás, renderam 3,3 mil kg/ha. Parte da lavoura rende apenas 2,7 mil  kg/ha devido à falta de chuva e aos ataques de lagartas. Mas a produtividade média dos 900 hectares de soja da Fazenda Videira deve ser 10% superior.

Houve impacto na média nacional de produtividade, que no caso da soja caiu de 2,99 mil para 2,96 mil quilos por hectare. No Centro-Norte, com as perdas localizadas, estão sendo colhidos 200 quilos de soja a menos por hectare, em média. Porém, os bons resultados de estados líderes evitaram recuo maior. Mato Grosso, maior produtor de soja com 29,3% da safra nacional, colhe 8,6% a mais.

No milho de verão, os dois principais produtores, Minas Gerais e Paraná, tiveram aumento da produtividade: de 5,65 mil e 6,5 mil quilos por hectare para 5,85 e 7,95 mil, respectivamente. Essa expansão compensou queda no rendimento das lavouras registrada em estados como a Bahia (-4,4%). O produtor Rudimar Missio, de Pato Branco, Sudoeste do Paraná, está entre os que conseguiram ampliar a produtividade com rigor no cultivo e novas tecnologias. Ele passou da média de 9,4 mil quilos por hectare para 12 mil quilos por hectare.

A expansão das lavouras ajuda a sustentar a supersafra de soja. O país dedicou 2,4 milhões de hectares a mais à oleaginosa (9,5%). A expansão, principalmente sobre áreas de pastagens, indica que, nos próximos anos, quando não houver problemas climáticos, a safra deve ser ainda maior.


segunda-feira, 25 de março de 2013

Em 20 anos, secas e enchentes afetaram 86 mi de brasileiros


Apenas 6% dos municípios brasileiros contam com planos de risco – em 10% deles estão sendo estudados meios de se preparar para situações de emergência

Cerca de 86 milhões de pessoas foram afetadas direta ou indiretamente por secas e chuvas ocorridas no Brasil de 1990 até 2010, disse o professor Carlos Machado, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Ao falar sobre Gestão de Desastres Naturais no 4º Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública, Machado destacou que 5,5 milhões de pessoas foram diretamente expostas a esses desastres.

No período analisado por Machado, 1.780 pessoas morreram nos eventos que ocasionaram os desastres, mas o número de mortes efetivamente causadas por eles chega a 460 mil, se forem incluídas doenças e outros males desencadeados pelas tragédias.

Apesar disso, apenas 6% dos municípios brasileiros contam com planos de risco – em 10% deles estão sendo estudados meios de se preparar para situações de emergência. De acordo com o pesquisador, nesse grupo, encontram-se principalmente municípios com mais de 500 mil habitantes.

Ao analisar casos como a tragédia que deixou mais de 900 mortos na região serrana do Rio de Janeiro em 2009, Machado chama a atenção para a recorrência dos deslizamentos, que, em 1987, já tinham causado 282 mortes nos municípios de Petrópolis e Teresópolis. De 1987 até 2009, lembrou o professor, houve mais cinco episódios com mais de 300 vítimas.

Mesmo assim, no ano do maior desastre, 35 unidades de saúde (81% das localizadas nos maiores municípios atingidos) estavam em áreas de risco, sendo 14 em locais de altíssimo risco. Segundo ele, mais de 90% dos pontos em que os deslizamentos provocaram acidentes eram de preservação ambiental.

Sobre as 20 mortes ocorridas nos últimos dias em Petrópolis, novamente em consequência das chuvas, Machado ressaltou a responsabilidade das autoridades: "É necessário um investimento rápido e urgente na construção de novas casas e em medidas de engenharia para tornar essas áreas [de risco] menos vulneráveis. O poder público em nível municipal, estadual e federal tem responsabilidade nesse processo." Para o professor, existe espaço para realocação negociada das pessoas, com participação da comunidade. "Ainda há muitas casas e mesmo estabelecimentos de saúde que são vulneráveis", destacou.

A representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Mara Oliveira, chamou a atenção para o problema dos escombros gerados pelos desastres naturais, que se acumulam durante meses nos municípios, com riscos para a saúde, e resumiu a questão multifacetada da ocupação do solo na região serrana: "É um problema de planejamento urbano e uma questão de saneamento ambiental. Mas tem também o lado cultural de como a cidade cresceu, como ela se desenvolveu.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

sexta-feira, 22 de março de 2013

DIA MUNDIAL DA ÁGUA: ANA lança conteúdo multimídia para estimular uso consciente da água



A Agência Nacional de Águas (ANA) elaborou uma campanha multimídia para abordar a importância da água. Além de produzir podcasts gratuitos para download, que ficam disponíveis em uma rádio colaborativa na web, o órgão fiscalizador também aproveita seu site para dar dicas de economia de água aos internautas.

A campanha “Água é Vida. E vida não se desperdiça” traz 45 spots de rádio que incentivam o uso consciente do recurso natural, seja em casa, nas empresas, nas indústrias, ou ainda, nos campos de lavoura. A campanha é realizada pela agência reguladora em parceria com a Rádio Câmara e qualquer emissora tem direito de veicular as informações, desde que seja citada a fonte.

Os podcasts abordam questões de saneamento básico, falta de água, enchentes e geração de energia. Outro produto desenvolvido pela ANA é a Rádio Web Água, que fala sobre diversos assuntos relacionados ao recurso natural no Brasil, como a qualidade da água nas principais bacias hidrográficas.

O Brasil tem a maior reserva de água doce do planeta, concentrando 12% do total mundial. Além dos corpos d’água superficiais (como rios e represas), o país ainda conta com o Aquífero Guarani, maior manancial do mundo, que se estende por uma área de 1,2 milhão de km² no subsolo nacional. Mesmo assim, o brasileiro está entre os povos que mais desperdiçam o recurso natural.

FONTE: CATRACA LIVRE

quinta-feira, 21 de março de 2013

Nações Unidas celebram Dia Internacional das Florestas


Em todo o mundo, desmatamento caiu cerca de 20% na última década; objetivo da data é ressaltar importância dos ecossistemas florestais para o desenvolvimento sustentável.


As Nações Unidas marcam, pela primeira vez, neste 21 de março o Dia Internacional das Florestas. De acordo com a ONU, mais de 2 milhões de pessoas dependem das florestas para se sustentar.

Em mensagem sobre a data (leia aqui), o Secretário-Geral, Ban Ki-moon, lembrou que em todo o mundo, 3 milhões de pessoas ainda utilizam a madeira como fonte de combustível. As florestas cobrem um terço do planeta e servem de morada para 750 milhões de pessoas.

Tsunamis
O Dia foi escolhido pela ONU para chamar a atenção para a preservação das matas, que concentram 75% da água doce da Terra. Além disso, as florestas ajudam a estabilizar encostas, evitar deslizamentos e proteger comunidades costeiras de tempestades e até tsunamis.

Uma outra razão para comemorar o Dia Internacional das Florestas é ressaltar a importância de todos os tipos de ecossistemas para o desenvolvimento sustentável. O desmatamento e as mudanças no manejo da terra são responsáveis por 17% das emissões de dióxido de carbono geradas pelo ser humano.

Mas também há boas notícias. Segundo Ban, em todo globo, a taxa de desmatamento caiu cerca de 20%, na última década.

O Secretário-Geral encerrou a mensagem pedindo aos governos e à sociedade civil que se comprometam em reduzir o desmatamento e a pobreza para promover formas de subsistência sustentáveis para quem vive nas florestas.

Fonte: ONU

quarta-feira, 20 de março de 2013

Apesar das tragédias, região serrana recebe menos verba federal que a cidade do Rio de Janeiro


Terceira cidade do Estado mais afetada pelas chuvas de 2011, Petrópolis recebeu apenas R$ 41,2 mil para obras relacionadas a desastres naturais

Apesar de ser a terceira cidade do Rio mais afetada pelas chuvas de 2011 - quando a região serrana foi palco da pior tragédia natural da história do País - e de registrar 27 mortes por temporais desde domingo, Petrópolis recebeu apenas R$ 41,2 mil do governo federal para obras relacionadas a desastres naturais. A verba veio da soma das liberações dos quatro principais programas do Ministério da Integração Nacional em 2012 - de um orçamento total de R$ 5,7 bilhões.

A ONG Contas Abertas analisou os repasses feitos pelo governo federal por meio dos programas "Gestão de Risco e Resposta a Desastres", "Resposta aos Desastres e Reconstrução", "Prevenção e Preparação para Desastres" e "Drenagem Urbana e Controle de Erosão Marítima e Fluvial". Petrópolis recebeu R$ 31,8 mil pelo "Gestão de Risco" e somente R$ 9,4 mil pelo "Resposta aos Desastres".

Na prática, conforme a ONG, só R$ 2,1 bilhões (36,8%) dos R$ 5,7 bilhões previstos para todo o País foram distribuídos. Esse dinheiro não foi apenas para prefeituras, mas também para entidades públicas ou privadas. Excluído o Distrito Federal, que movimentou R$ 378 milhões por ser sede da Caixa (banco que distribui verbas a todo o País), o Estado do Rio foi o que recebeu mais recursos: R$ 242,9 milhões. Desse total, 206,2 milhões (84,9%) foram destinados à capital. Nova Friburgo, município mais afetado pelas chuvas de 2011, recebeu R$ 2,9 milhões.

No desastre ocorrido na região serrana do Rio em janeiro de 2011 morreram 918 pessoas (429 em Nova Friburgo, 392 em Teresópolis, 71 em Petrópolis e as demais em outros municípios). Petrópolis registrou 6.956 desalojados e 187 desabrigados. Teresópolis, que não recebeu nenhum valor do Ministério em 2012, teve 9.110 desalojados e 6.727 desabrigados.

O Ministério da Integração Nacional informou que define a verba a ser repassada de acordo com o plano de trabalho apresentado por município. O órgão afirmou que o governo previu, em 2012, investir R$ 12,48 bilhões em ações para enfrentar desastres naturais. Foram empenhados R$ 10,82 bilhões e pagos R$ 7,7 bilhões. Ontem, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, anunciou em visita à região serrana que o governo vai liberar recursos para Petrópolis.

Presidente. Em Roma, a presidente Dilma Rousseff, que defendeu "medidas mais drásticas" para evitar tragédias, voltou ontem a falar do assunto, ressaltando que é necessário identificar as zonas de risco e "garantir condições" para as pessoas saírem. "E tem de ter uma posição de não construir. Não pode deixar construir." / AGÊNCIA ESTADO

terça-feira, 19 de março de 2013

PNUMA contrata consultoria para desenvolver marco legal do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira



O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgou edital para contratação de consultor para desenvolver proposta de marco legal e mecanismo de gestão do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). O SiBBr integrará bancos de dados sobre a biodiversidade e ecossistemas brasileiros, subsidiando pesquisas científicas e a formulação de políticas públicas.

A consultoria terá duração de 5 meses. Os candidatos devem ter formação em Direito ou áreas correlatas e pelo menos 5 anos de experiência em Direito Ambiental, Constitucional ou áreas aplicadas ao meio ambiente, entre outros pré-requisitos. O consultor poderá trabalhar de qualquer lugar do Brasil, com disponibilidade para participar de reuniões em Brasília.

O prazo final para candidaturas é 31 de março. Forma de inscrição e outras informações estão no Termo de Referência da contratação, disponível na área de Oportunidades do site do PNUMA ou na página do SiBBr.

O SiBBr é um projeto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com apoio técnico do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e apoio financeiro do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF). A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), instituições vinculadas ao MCTI, são principais parceiros do projeto, responsáveis pelo desenvolvimento e hospedagem do SiBBr.

Fonte: PNUMA

segunda-feira, 18 de março de 2013

Nasa faz sobrevoo pela América Latina para evitar desastres naturais


Nasa vai percorrer desde as Ilhas Galápagos (acima)
 até floresta amazônica (Foto: Rede Globo)
A agência espacial americana (Nasa) está iniciando um sobrevoo pela América Latina, em várias regiões do Equador, para estudar as mudanças ocorridas na crosta terrestre e avaliar os riscos naturais, anunciou a embaixada americana em Quito no fim da semana passada.

Os cientistas da Nasa armazenaram os dados fornecidos por um aparelho equipado com "um sistema de radar especial", que percorre até o dia 31 de março o espaço aéreo equatoriano, desde as Ilhas Galápagos, a mil km da costa do Oceano Pacífico, até a Amazônia.

Até 3 de abril, a missão percorrerá a América Central (Honduras, Guatemala, El Salvador, Costa Rica e Nicarágua), além de Colômbia, Peru, Chile, Argentina e Bolívia.

O projeto atual, realizado com autorização do governo equatoriano, permitirá fazer "mapas da superfície de regiões florestais e formações geológicas" para detectar as mudanças ocorridas na superfície do planeta.

O estudo busca, sobretudo, a avaliar e prevenir os "riscos naturais em potencial provocados por vulcões, deslizamentos de terra e falhas sísmicas" nessa região andina, situada no Cinturão de Fogo do Pacífico, uma área que concentra cerca de 85% dos terremotos da Terra.

Fonte: Globo Natureza

sexta-feira, 15 de março de 2013

Relatório da ONU prevê 'catástrofe ambiental' no mundo em 2050

Pobreza extrema deve ser motivada também por degradação do planeta.
Estima-se que mais de 3 bilhões vivam na miséria nos próximos 37 anos.

Chinesa pedala com máscara para se proteger da forte poluição em Pequim
 (Foto: China Daily/Reuters)
Apesar dos investimentos de vários países em energias renováveis e sustentabilidade, o mundo pode viver uma "catástrofe ambiental" em 2050, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, apresentado nesta quinta-feira (14) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Ao fim dos próximos 37 anos, são estimadas mais de 3 bilhões de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza, das quais pelo menos 155 milhões estariam na América Latina e no Caribe. E essa condição demográfica e social seria motivada também pela degradação do meio ambiente e pela redução dos meios de subsistência, como a agricultura e o acesso à água potável.

De acordo com a previsão de desastre apresentada pelo relatório, cerca de 2,7 bilhões de pessoas a mais viveriam em extrema pobreza em 2050 como consequência do problema ambiental. Desse total, 1,9 bilhão seria composto por indivíduos que entraram na miséria, e os outros 800 milhões seriam aqueles impedidos de sair dessa situação por causa das calamidades do meio ambiente.

No cenário mais grave, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global diminuiria 15% em 2050, chegando a uma redução de 22% no Sul da Ásia (Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal, Bangladesh, Butão e Maldivas) e de 24% na África Subsaariana (todos os países ao sul do Deserto do Saara).

Mudanças climáticas e pressões
As mudanças climáticas e as pressões sobre os recursos naturais e ecossistemas têm aumentado muito, independentemente do estágio de desenvolvimento dos países, segundo o relatório. E o texto também destaca que, a menos que sejam tomadas medidas urgentes, o progresso do desenvolvimento humano no futuro estará ameaçado.

O Pnud aponta, ainda, que os protestos em massa contra a poluição ambiental têm crescido em todo o mundo. Por exemplo, manifestantes em Xangai, na China, lutaram por um duto de águas residuais (provenientes de banhos, cozinhas e uso doméstico em geral) prometido, enquanto na Malásia moradores de um bairro se opuseram à instalação de uma refinaria de metais de terras raras – 17 metais conhecidos como "ouro do século 21", por serem raros, valiosos e de grande utilidade.

O relatório reforça também que as principais vítimas do desmatamento, das mudanças climáticas, dos desastres naturais e da poluição da água e do ar são os países e as comunidades pobres. E, para o Pnud, viver em um ambiente limpo e seguro deve ser um direito, não um privilégio. Além disso, sustentabilidade e igualdade entre os povos estão intimamente ligadas.

Desastres naturais em alta
Além disso, de acordo com o texto divulgado nesta quinta-feira, os desastres naturais estão se intensificando em todo o mundo, tanto em frequência quanto em intensidade, causando grandes danos econômicos e perdas humanas.

Apenas em 2011, terremotos seguidos de tsunamis e deslizamentos de terra causaram mais de 20 mil mortes e prejuízos aos EUA, somando US$ 365 bilhões (R$ 730 bilhões) e 1 milhão de pessoas sem casas.

O impacto mais severo foi para os pequenos países insulares em desenvolvimento, alguns dos quais sofreram perdas de até 8% do PIB. Em 1988, Santa Lucía – localizado nas Pequenas Antilhas, no Caribe – perdeu quase quatro vezes seu Produto Interno Bruto (PIB) por causa do furacão Gilbert, enquanto Granada – outro país caribenho – perdeu duas vezes o PIB em decorrência do furacão Iván, em 2004.

Amazônia dá sinais de degradação por causa das mudanças climáticas (Foto: Divulgação/NASA/JPL-Caltech)

Desafios mundiais
O relatório do Pnud ressalta, ainda, que os governos precisam estabelecer acordos multilaterais e formular políticas públicas para melhorar o equilíbrio das condições de vida, permitir a livre expressão e participação das pessoas, administrar as mudanças demográficas e fazer frente às pressões ambientais.

Um dos grandes desafios para o mundo, segundo o texto, é reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa. Apesar de os lançamentos de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera parecerem aumentar com o desenvolvimento humano, essa relação é muito fraca, destaca o Pnud. Isso porque, em todos os níveis de IDH, alguns países equivalentes têm uma maior emissão de CO2 que outros.

Além disso, pode haver diferenças grandes entre as províncias ou estados de um mesmo país, como é o caso da China. Esses resultados, de acordo com o relatório, reforçam o argumento de que o progresso humano não demanda um aumento no uso de CO2, e que políticas ambientais melhores poderiam acompanhar esse desenvolvimento.

Segundo o Pnud, alguns países já têm se aproximado desse nível de desenvolvimento, sem exercer uma pressão insustentável sobre os recursos ecológicos do planeta. Mas responder globalmente a esse desafio exige que todas as nações adaptem suas trajetórias.

Os países desenvolvidos, por exemplo, precisam reduzir a chamada "pegada ambiental", ou seja, quanto cada habitante polui o planeta (como se fosse um PIB do meio ambiente). Já as nações em desenvolvimento devem aumentar o IDH, mas sem elevar essa pegada. Na visão do Pnud, tecnologias limpas e inovadoras podem desempenhar um papel importante nesse processo.

Mas, para reduzir a quantidade necessária de emissões de gases de efeito estufa, os países dos hemisférios Norte e Sul têm que chegar a um acordo justo e aceitável para todos, como compartilhar as responsabilidades, informa o relatório.

Acordos e investimentos
Na Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro em junho de 2012, foi negociado entre os governos da região da Ásia e do Pacífico um acordo para proteção do maior recife de corais do mundo, o chamado Triângulo de Coral, que se estende desde a Malásia e a Indonésia até as Ilhas Salomão. A área é responsável por fornecer o sustento para mais de 100 milhões de pessoas.

Além disso, alguns países estão trabalhando juntos na bacia do Rio Congo para combater o comércio ilegal de madeira e preservar o segundo maior território florestal do mundo. Bancos regionais de desenvolvimento também apresentaram uma iniciativa que conta com US$ 175 bilhões (R$ 350 bilhões) para promover o transporte público e ciclovias em algumas das principais cidades do mundo.

Outra parceria envolve a China e o Reino Unido, que vão testar tecnologias avançadas de combustão de carvão. Já os EUA e a Índia firmaram um acordo para o desenvolvimento de energia nuclear na Índia.

Alguns países também estão desenvolvendo e compartilhando novas tecnologias verdes. A China, o quarto maior produtor de energia eólica do mundo em 2008, é também a maior fabricante global de painéis solares e turbinas para geração de energia pelo vento. E, na Índia, os investimentos em energia solar aumentaram 62% em 2011, chegando a US$ 12 bilhões (R$ 24 bilhões) – os maiores do planeta. Já o Brasil elevou seus investimentos tecnológicos para energias renováveis em 8%, chegando a US$ 7 milhões (R$ 14 milhões).

Promessas
Até 2020, a China também prometeu cortar suas emissões de dióxido de carbono por unidade de PIB em 40% a 45%. E, em 2010, a Índia anunciou reduções voluntárias de 20% a 25%. Além disso, no ano passado, políticos coreanos aprovaram um programa para reduzir as emissões de fábricas e usinas de energia.

Na Rio+20, Moçambique anunciou ainda uma nova rota de economia verde. E o México promulgou recentemente uma lei para reduzir as emissões de CO2 e apostar em energias renováveis.
No Fórum de Bens de Consumo da Rio+20, as empresas Unilever, Coca-Cola e Wal-Mart – classificadas entre as 20 melhores multinacionais do mundo – também prometeram eliminar o desmatamento de suas cadeias de abastecimento.

Além disso, a Microsoft prometeu que em 2012 se tornaria nula em emissões de carbono. E a companhia Femsa, que engarrafa bebidas – como a Coca-Cola – na América Latina, manifestou que obteria 85% de suas necessidades energéticas no México a partir de recursos renováveis.

Mas, apesar de muitas iniciativas promissoras, ainda existe ainda uma grande diferença entre as reduções de emissões necessárias e essas modestas promessas, destaca o Pnud.

Fonte: Globo Natureza

quinta-feira, 14 de março de 2013

Uma UPP para acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia

Foto: Tiago Jara/Ibama

Não é exatamente uma UPP – a Unidade de Polícia Pacificadora que o governo do Rio está utilizando para controlar a violência nos morros cariocas -, mas a ideia é a mesma. O Ibama iniciou neste ano uma nova operação que tem como objetivo ocupar permanentemente a Amazônia para controlar o desmatamento ilegal. “A ideia é fazer uma ocupação territorial. Esta operação será 365 dias por ano, não vai folgar nem no Natal nem Ano Novo”, diz o diretor do Ibama Luciano Menezes de Evaristo, um dos coordenadores da operação Onda Verde.

A operação Onda Verde vai manter um efetivo de fiscalização permanente em pelo menos seis áreas de maior desmatamento: três no Pará, duas no Mato Grosso e uma que cobre Rondônia e o sul do Amazonas. Essas equipes vão atuar diretamente no combate ao desmatamento ilegal. No momento, as seis bases contam com 240 profissionais, mas a ideia é “inchar” as equipes quando o desmatamento aumenta – geralmente no período de seca – e “desinchar” quando diminui. Em menos de um mês de operação, os resultados já são positivos. Só no oeste do Pará, em Santarém, Anapu, Uruará e Novo Progresso, os técnicos do instituto apreenderam 18 mil m³ de toras ilegais, 8 mil m³ a mais do que no ano passado inteiro.

O desmatamento da Amazônia está em queda desde 2008. Mas alguns dados podem indicar a volta do desmate. Áreas estão sendo desmatadas no período de chuvas, o que não acontecia com tanta frequência antigamente. Além disso, dados de desmatamento divulgados recentemente pelo Imazon mostram que houve um aumento de 118% na área desmatada nos últimos seis meses, em comparação com o período anterior. Os dados oficiais de desmatamento, medidos pelo Inpe, ainda não foram divulgados em 2013.

Segundo Evaristo, uma das principais dificuldades do Ibama no combate ao desmatamento está na existência de um mercado negro de autorizações de plano de manejo. Pela legislação, o produtor pode desmatar uma parte de sua propriedade, mas para isso precisa respeitar as regras do Código Florestal e submeter um pedido de plano de manejo às autoridades estaduais. “O cidadão pede o licenciamento, mas em vez de manejar a sua área de floresta, ele vende a autorização”, diz Evaristo. A autorização vendida vai ser utilizada para esquentar madeira retirada ilegalmente de terras indígenas e unidades de conservação.

Há indícios de que esse mercado ilegal é bem grande. O problema é que as secretarias de meio ambiente dos Estados da Amazônia costumam autorizar muitas áreas para desmatamento, mas têm pouca estrutura para fiscalizar todas essas autorizações. As autoridades estaduais ainda conversam muito pouco com o Ibama, o que dificulta o trabalho do instituto em diferenciar o desmatamento ilegal e evitar a derrubada de florestas em áreas protegidas.

(Bruno Calixto) - REVISTA ÉPOCA

quarta-feira, 13 de março de 2013

UFMG: Área de florestas recuperadas cairá 58% com novo Código Florestal


Pesquisa da UFMG mostra que nova legislação aumentará área desmatada legalmente, em especial na região do Cerrado

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estima que a área de florestas a ser recomposta em todo o território brasileiro cairá 58% caso o formato do novo Código Florestal seja mantido. Só a região do Cerrado, com a expansão da soja, poderá ter 40 milhões de hectares desmatados legalmente por possuir a maior extensão de propriedades com ativo florestal (áreas passíveis de desmatamento). 

A área de passivo ambiental (em que há obrigação de se recompor a vegetação nativa), segundo o estudo, cairá de cerca de 50 milhões de hectares (Mha) para 21 Mha. Os Estados mais prejudicados serão Mato Grosso, Pará, Minas Gerais e Bahia. 

Para os responsáveis pela pesquisa, a pressão pelo desenvolvimento da agricultura no País é a principal causa. "É preciso planejar melhor a produção agrícola em áreas já ocupadas e aumentar a produtividade, de modo que não seja necessário abrir novas áreas", diz Britaldo Silveira Soares-Filho, do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG. "O País tem de dirigir suas políticas agrárias neste sentido." 

O caso do Cerrado é o mais emblemático. Estados como Maranhão, Piauí e Bahia têm sido palco de expansão da cultura da soja e poderão perder, legalmente, áreas de vegetação nativa com as mudanças aprovadas no código. Outro bioma ameaçado é a Caatinga, com cerca de 26 Mha de ativo florestal.

"É preciso desenvolver políticas de manutenção de floresta em pé", argumenta Britaldo. "Uma possibilidade é criar um mercado de terras florestadas, em que quem tem excedente de floresta nativa em sua propriedade gera um título para quem tem um déficit." 

Mesmo com a grande redução de áreas a serem recompostas, o estudo prevê a possibilidade de que mecanismos criados pelo novo código, como a Cota de Reserva Ambiental (CRA), efetivamente viabilizem parte da recomposição. Pelas projeções, seria possível reduzir em até 55% o passivo ambiental em reservas legais, o que equivaleria a pouco mais de 16 Mha. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo .


terça-feira, 12 de março de 2013

Dados de vulnerabilidade climática são disponibilizados online


Portal interativo aponta quais os riscos climáticos presentes em cada país, visando com isso ajudar as nações a desenvolverem estratégias para a adaptação ao aquecimento global e suas consequências, como enchentes, secas e tempestades

As pesquisas meteorológicas têm revelado muitas informações sobre as transformações climáticas que estão ocorrendo no mundo, mas às vezes é difícil saber exatamente a quais riscos climáticos um determinado país está exposto. Visando reduzir essa lacuna, foram disponibilizadas em um portal online informações do clima de 184 países baseadas no relatório Climate Vulnerability Monitor

Os dados, co-publicados pela organização não governamental espanhola DARA e pelo Fórum de Vulnerabilidade Climática –rede de países que são fortemente afetados pelas mudanças climáticas – tem como objetivo ajudar as nações a desenvolverem estratégias para a adaptação ao aquecimento global e seus impactos.

A primeira edição do relatório, publicada em 2010 em Cancún, no México, considerava quatro indicadores: desastres climáticos e ambientais; impactos de saúde; perda de habitat e estresse econômico. Já a segunda versão, atualizada em setembro de 2012 e transformada no portal no último mês, leva em consideração 34 indicadores, entre eles pesca, vazamentos de petróleo, secas, agricultura, doenças transmitidas por vetores.

Além disso, há uma seção de análise determinada ‘carbono’, focada nas implicações socioeconômicas de atividades intensivas em carbono e climaticamente inseguras. As emissões do país e sua vulnerabilidade podem ser classificadas como ‘baixas’, ‘moderadas’, ‘altas’, ‘severas’ ou agudas’.

Apesar de os dados climáticos do portal serem baseados em pesquisas prévias, como as da ONU, do Banco Mundial e do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), os autores afirmam que o grande diferencial é que os dados estão especificados por país e que consideram a situação de cada nação entre 2010 e 2030, enquanto outros estudos vão mais à frente.

“Nosso relatório tem um desafio e um foco específicos – avaliar o impacto do desafio das mudanças climáticas em termos socioeconômicos com estimativas de impacto e vulnerabilidade para 184 países para 2010 e 2030. O ICC tem um foco muito mais amplo que vai além no futuro”, comentou Matthew McKinnon, editor do Climate Vulnerability Monitor, ao SciDev.Net.

O Brasil, por exemplo, é um país considerado de vulnerabilidade ‘moderada’ pelo portal, embora seu nível de emissões seja considerado ‘alto’. Em relação aos seus indicadores, o país tende a manter uma estabilidade na maioria.

Entretanto, a vulnerabilidade dos indicadores brasileiros de biodiversidade e poluição do ar tende a aumentar de ‘alta’ para ‘severa’, enquanto a vulnerabilidade dos indicadores aquecimento e resfriamento, produtividade laboral e água tende a aumentar de ‘moderada’ para ‘alta’, e apenas a vulnerabilidade da agricultura tende a diminuir de ‘alta’ para ‘baixa’.

Já países menos desenvolvidos, como Bangladesh, por exemplo, embora apresentem um nível de emissões considerado ‘moderado’, têm uma vulnerabilidade climática ‘aguda’. Em Bangladesh, a vulnerabilidade dos indicadores secas e agricultura tende a passar de ‘alta’ para ‘severa’, enquanto a da produção laboral e da pesca deve subir de ‘alta’ para ‘aguda’.

A vulnerabilidade de Bangladesh da corrosão deve aumentar de ‘severa’ pra ‘aguda’, do aquecimento e resfriamento e do aumento do nível do mar, de ‘moderada’ para ‘alta’, e da malária e doenças causadas por vetores, de ‘baixa’ para ‘moderada’.

Os países industrializados, por sua vez, como os Estados Unidos, apresentam taxas de emissão de carbono “altas’, mas vulnerabilidade climática considerada ‘baixa’. Ao contrário dos países mais pobres e dos emergentes, os industrializados tendem a apresentar quase todos os indicadores ‘baixos’, ‘moderados’, ou, no máximo, ‘altos’.

No caso dos EUA, a exceção fica por conta do transporte, da poluição do ar, dos riscos de ocupação, câncer de pele, agricultura e florestas, mas todos tendem a apresentar estabilidade. Apenas os indicadores biodiversidade e corrosão correm o risco de piorar, enquanto a vulnerabilidade da agricultura tende a diminuir de ‘aguda’ para ‘severa’.

Há ainda nações que apresentam índices positivos em ambos os aspectos, sendo considerados ‘baixos’ em emissão de carbono e em vulnerabilidade climática. É o caso da Suíça. Quase todos os seus indicadores são ‘baixos’ ou ‘moderados’, e apenas riscos de ocupação e câncer de pele são ‘severos’ ou ‘altos’. Ainda assim, o país precisa melhorar alguns indicadores como enchentes e deslizamentos, água, aquecimento e resfriamento e transporte, que tendem a piorar.

“O portal de dados fornecerá agora ao público, e a todas as partes interessadas, o acesso direto a todo o conjunto de informações que foi publicado no Monitor no último mês de setembro. O portal permite download e interatividade de todos os dados do Monitor, incluindo mapas-múndi e também perfis dos países”, observou McKinnon.

“Esperamos que com a versão online, mais pessoas acessem e usem o Monitor em nível nacional. Até agora, ele tem sido usado principalmente para informar políticas e debates em nível global”, acrescentou Saleemul Huq, participante do grupo climático do Instituto Internacional de Desenvolvimento e Meio Ambiente e membro do painel consultivo do Monitor.

Fonte: Instituto Carbono Brasil

segunda-feira, 11 de março de 2013

Estudo pioneiro antecipa impacto das mudanças climáticas no Paraná

 (Foto: Divulgação/CBPMPR)

Como será o comportamento do clima no Estado do Paraná nos próximos 100 anos? A resposta foi buscada por um projeto de pesquisa que desenvolveu um sistema capaz de simular os impactos das mudanças climáticas globais sobre os setores agropecuário, florestal e energéticonas próximas décadas: em 2040, 2070 e 2100. Com patrocínio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o trabalho é resultado da cooperação entre instituições de pesquisa tecnológica atuantes no Paraná reunidas em uma rede, incluindo o Instituto Tecnológico Simepar, Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Fundação ABC, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Embrapa Florestas e Embrapa Trigo. 

Um software desenvolvido pelo Departamento de Matemática e Estatística da UEPG utiliza a base de dados climáticos coletados por estações meteorológicas do Simepar e do Iaparentre 1980 e 2009, considerando dois cenários propostos pelo Painel Internacional de Mudanças Climáticas (IPCC):aumento da temperatura de 2 graus e de 4 graus. Para cada grau a mais na temperatura global projeta-se aumento de 10% na ocorrência de chuvas."Aplicando modelos matemáticos, foram obtidos resultados para 28 localidades do Paraná, o que pode orientar o planejamento estratégico de plantio, cultivo ou substituição de culturas agrícolas, ações nas áreas energética e florestal", explica o pesquisador Jorim Souza das Virgens Filho, professor da UEPG que desenvolveu o programa como tese de doutorado em energia na agricultura sobre simulação computacional na área climática. 

Os estudos permitem a adoção de medidas voltadas às áreas urbanas como a construção de redes de drenagem para enchentes. No setor energético, servem de base para ações como reforço de barragens para contenção de águas e uso do potencial eólico. 

Responsável pela análise e interpretação dos dados meteorológicos e climatológicos simulados, o Instituto Tecnológico Simepar prevê as tendências de alterações nas séries de dados das seguintes variáveis: temperatura, umidade relativa do ar, precipitação, radiação solar e vento. A duração e a frequência dos "veranicos" e a probabilidade de eventos climáticos extremos também são estudadas. O diretor Eduardo Alvim Leite ressalta "a importância do esforço cooperativo entre instituições de pesquisa tecnológica paranaenses para viabilizar esse trabalho pioneiro de regionalização dos estudos de impacto das mudanças climáticas potenciais". 

INCÊNDIOS FLORESTAIS - Influenciados pelo clima, o crescimento e a conservação de árvores são objeto de preocupação de entidades dedicadas aos estudos florestais. Segundo os pesquisadores do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professores Antonio Carlos Batista e Alexandre França Tetto, a elevação do aquecimento médio da temperatura e a redução proporcional de chuvas aumentam os riscos de ocorrência de incêndios florestais: "De posse desses dados, os órgãos competentes poderão atuar sobre as causas e consequências para impedir que incêndios se alastrem e devastem as poucas áreas de vegetação natural do Estado, evitando que se tornem eventos de maiores proporções". 

Uma das providências que podem ser adotadas para reduzir os riscos e os danos é o manejo do fogo. "Quando ocorre um incêndio florestal, a detecção e a mobilização devem ser rápidas e ágeis para combatê-lo com eficiência", observam. O pesquisador do Simepar, Flavio Deppe, acrescenta que o estudo permitiu a geração de mapas de Índice de Perigo de Incêndios Florestais que poderão contribuir para o planejamento regional de investimentos florestais. 

AGROPECUÁRIA - A tendência de elevação das temperaturas mínimas mais altas indica que as noites serão mais quentes. "Esse aumento da temperatura noturna pode acarretar prejuízos na fotossíntese, processo pelo qual as plantas respiram queimando a energia armazenada durante o dia", explica o pesquisador de agrometeorologia do Iapar, Paulo Henrique Caramori. Segundo ele, algumas culturas agrícolas podem ser impactadas por alterações na adaptação de espécies que necessitam de conforto térmico, assim como aves e bovinos. 

A maior frequência de eventos extremos, como chuvas fortes, poderá alterar o balanço hídrico e a fisiologia das culturas, causando doenças em plantas. O café, por exemplo – que não tolera excesso de calor e é muito sensível a geadas – poderia ser deslocado para o sul do Estado, onde o clima é mais ameno. Outras culturas seriam prejudicadas, como o feijão e o milho. 

"O objetivo do estudo é alertar os tomadores de decisão para a gravidade dos cenários de modo a induzir investimentos em novas pesquisas e tecnologias,visando à produção sustentável", observa o pesquisador. Ele cita como exemplos a manipulação genética e práticas de manejo adequado dos solos e das águas, como a cobertura e o plantio direto, que evitam a degradação decorrente da exposição à radiação solar. Outra possibilidade é a integração entre agricultura, pastagens e florestas, desenvolvendo sistemas agroflorestais e silvopastoris: "Uma plantação de café poderia ser mesclada a árvores como seringueiras para equilibrar o ambiente", disse Caramori. 

Em uma das etapas finais do projeto, a pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Maura Seiko Tsutsui Esperancini, fará uma análise dos impactos econômicos das mudanças climáticas sobre os setores agropecuário, florestal e energético do Paraná.

FONTE: AEN

sexta-feira, 8 de março de 2013

Terra está em um dos períodos mais quentes em 11 mil anos, diz estudo


Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon e da Universidade Harvard, ambas nos EUA, reconstruiu a temperatura média da Terra nos últimos 11,3 mil anos para compará-la aos níveis atuais.

A boa notícia: a Terra hoje está mais fria do que já esteve em sua época mais quente desse período. A má: se os modelos dos climatologistas estiverem certos, atingiremos um novo recorde de calor até o final do século.

O trabalho, publicado na revista "Science", reuniu dados de 73 localidades ao redor do mundo para estimar a temperatura global (e local) no período geológico conhecido como Holoceno, que começou ao final da última era do gelo, há 11 mil anos.

Depois de consolidar todas as informações, em sua maioria provenientes de amostras de fósseis em sedimentos oceânicos, num único quadro --além de usar técnicas matemáticas para preencher os "buracos" encontrados nas diversas fontes usadas para estimar a temperatura no passado--, os cientistas puderam recriar uma "pequena história da variação climática da Terra".

Diz-se pequena porque os resultados não permitem enxergar a variação ocorrida em uns poucos anos. É como se cada ponto nos dados representasse a temperatura em um período de 120 anos.



A HISTÓRIA

Os dados confirmam uma velha desconfiança dos cientistas: a de que a Terra passou por um período de aquecimento que começou cerca de 11 mil anos atrás. Em 1,5 mil anos, o planeta esquentou cerca de 0,6ºC e assim se estabilizou, durante cerca de 5.000 anos.

Então, 5,5 mil anos atrás, começou um novo processo de esfriamento --que terminou há 200 anos, com o que ficou conhecido como a "pequena era do gelo". O planeta ficou 0,7ºC mais frio.

Entram em cena a industrialização acelerada e o século 20. O planeta volta a se esquentar. No momento, ele ainda não bateu o recorde de temperatura visto no início do Holoceno, mas já está mais quente que em 75% dos últimos 11 mil anos.

Assim, o estudo confirma que a temperatura da Terra está subindo em tempos recentes e mostra que a subida é muito mais rápida do que se pensava.

"Essa pesquisa mostra que já experimentamos quase a mesma faixa de mudança de temperatura desde o início da Revolução Industrial que foi vista nos 11 mil anos anteriores da história da Terra --mas essa mudança aconteceu muito mais depressa", comenta Candace Major, diretor da divisão de Ciências Oceanográficas da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, que financiou o estudo.

Por outro lado, a baixa resolução temporal do estudo (é impossível distinguir efeitos de poucos anos) dificulta a comparação com o atual fenômeno de aquecimento.

Para a mudança climática atual se tornar relevante na escala de tempo analisada pelo modelo de reconstrução dos últimos 11 mil anos, ela precisa continuar no próximo século. Segundo os modelos do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudança Climática), da ONU, é isso que vai acontecer.

Contudo, ainda há incertezas sobre a magnitude do fenômeno. De toda forma, mesmo pelas estimativas mais otimistas, quando chegarmos a 2100, se nada for feito, provavelmente estaremos vivendo o período mais quente dos últimos 11 mil anos.

Fonte: Folha de S. Paulo

quinta-feira, 7 de março de 2013

Financiamento à agricultura sustentável cresceu 337,4% no Brasil


O Programa ABC - Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura, teve níveis de aplicação de recursos elevados entre os meses de julho de 2012 e janeiro de 2013. Os desembolsos totalizaram no período R$ 1,9 bilhão, 56,1% dos recursos programados de R$ 3,4 bilhões. Assim, o aumento registrado em relação ao mesmo período da safra anterior foi de 377,4%. 

Os dados foram divulgados pelo Departamento de Economia Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A Região Sudeste foi a que registrou os maiores montantes de financiamento de investimentos no âmbito do Programa ABC, com destaque para São Paulo e Minas Gerais. 

Foram aplicados R$ 874 milhões no período de julho de 2012 a janeiro de 2013. O segundo lugar no ranking ficou com a Região Centro-oeste, com aplicações de R$ 432,4 milhões, seguida pela Sul, R$ 421,5 milhões.

DCI - São Paulo/SP 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Paraná lança primeira fase dos trabalhos para inventário florestal


O Estado do Paraná, em parceria com o Governo Federal, lança nesta quarta-feira (6) o início das atividades da primeira fase dos serviços do inventário florestal do Estado. Após 29 anos da realização do último inventário florestal, o Estado terá um levantamento detalhado de suas florestas nativas e plantadas amostradas em 550 pontos em todo o Estado, atingindo os 399 municípios paranaenses. 

Os estudos serão coordenados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e terão como principal foco as espécies nativas. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento também é parceira do projeto e irá auxiliar com informações sobre os estoques de espécies exóticas plantadas, como pinus e eucalipto. 

A validação e o controle de qualidade dos dados coletados serão realizados pela Universidade Federal do Paraná, a análise da paisagem pela Embrapa Florestas e a identificação do material botânico pelo Museu Botânico de Curitiba – todos por meio de parcerias com o Setor Florestal Brasileiro. 

O estudo incluirá variáveis biofísicas, que buscam fornecer informações sobre a dinâmica das florestas, assim como informações socioambientais, para subsidiar a interpretação da importância das florestas para a população que vive em seu entorno e questões administrativas. 

Fonte: AEN

terça-feira, 5 de março de 2013

TEEB: Metade das áreas úmidas do planeta foram perdidas no século XX


Estudo da iniciativa Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade aponta que pântanos, mangues e outros ecossistemas que formam as chamadas áreas úmidas estão desaparecendo devido aos impactos da agricultura, urbanização e poluição

Leia aqui o relatório:

As áreas úmidas, lar de uma rica biodiversidade e que são essenciais para a humanidade por fornecerem todo o tipo de serviço ecossistêmico, incluindo a manutenção dos recursos hídricos, estão em um estado crítico por causa dos impactos das nossas atividades.

Quem informa é o novo relatório da iniciativa Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB), publicado no último sábado (2), dia internacional das áreas úmidas. O TEEB é uma iniciativa elaborada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em 2007 para desenvolver uma análise global sobre o impacto econômico gerado pelas perdas da biodiversidade.

Segundo o documento, durante o século passado cerca de 50% de todos os ecossistemas que formam as áreas úmidas, incluindo pântanos, manguezais, charcos e turfeiras, foram destruídos pela expansão da ocupação humana, seja por motivos agrícolas, industriais ou de moradia.

“São as pessoas mais pobres que sofrem quando a biodiversidade é perdida, porque sua sobrevivência depende da riqueza da natureza. Quando destruímos as áreas úmidas, acabamos com o ciclo da água e com o fornecimento deste recurso para residências e fazendas, aumentando ainda mais o sofrimentos dos pobres”, afirmou Pavan Sukhdev, embaixador da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e atual presidente da diretoria do TEEB.

Para piorar, ainda estamos destruindo as áreas úmidas em uma taxa alarmante. Citando dados da Convenção Ramsar - primeiro tratado intergovernamental a fornecer uma base estrutural para a cooperação internacional no sentido da conservação das zonas úmidas -, o relatório afirma que dos 127 países participantes da convenção, apenas 19% apresentam melhoras nas condições da conservação desses ecossistemas.

“Todos no planeta dependem de água para sobreviver e para seus negócios. As áreas úmidas são as infraestruturas naturais que gerenciam e providenciam a nossa água. Este relatório confirma o quanto elas são valiosas e como, mesmo sabendo disso, continuamos a destruí-las para nosso próprio prejuízo”, declarou Nick Davidson, secretário-geral da Convenção Ramsar.

O TEEB afirma que os custos de não proteger as áreas úmidas seriam astronômicos.

Por exemplo, somente nos Estados Unidos, esses ecossistemas fornecem o equivalente a US$ 23,2 bilhões anuais em serviços de proteção a tempestades. A perda de um hectare de área úmida significaria um aumento de US$ 33 mil em prejuízos com fortes chuvas.

Outro exemplo citado foram os prejuízos causados pela inundação no Reino Unido em 2007, que chegaram a US$ 5,2 bilhões. A maior parte dessas perdas aconteceram em regiões que costumavam ser cobertas por áreas úmidas que foram convertidas em zonas urbanas.

Boas Iniciativas

Mas o relatório não fala apenas em perdas, são apresentados também casos bem sucedidos de medidas que recuperaram áreas degradadas.

No Senegal, 45 mil hectares de manguezais foram destruídos nos estuários de Casamance e Sine Saloum entre 1970 e 2008 devido à expansão das atividades agrícolas e do uso de madeira na construção civil. Essa perda resultou na queda dos estoques de pescado e no aumento da salinidade da já escassa água potável. Diante disso, a ONG Oceanium deu início a uma estratégia de recuperação da região e começou a replantar os mangues.

Em 2008 foram replantados 163 hectares, que serviram para atrair a atenção de apoiadores, como a Danone. Em 2009 já foram 1700 hectares, e em 2010 e 2011 mais 4900 hectares. O projeto atualmente está registrado no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) das Nações Unidas e gera créditos de carbono.

Nos Estados Unidos, a região conhecida como Napa Valley, na Califórnia, costumava sofrer com enchentes frequentes, sendo que apenas uma em 1986 resultou em US$ 100 milhões em prejuízos. Por isso, no ano de 2000 foi dado início a um projeto de US$ 400 milhões para expandir a vegetação ao longo do rio Napa em substituição aos muros que existiam no local. Mais de 700 acres de zona urbana foram convertidos em pântanos, que além de ajudarem a reter a água do rio viraram uma atração turística.

“A degradação e perda das áreas úmidas é devida em grande parte à limitada percepção de quanto são valiosas e a políticas ineficientes. Está claro que já sofremos prejuízos socioeconômicos suficientes por causa dessa postura. A boa notícia é que esse relatório mostra de forma convincente o valor de proteger e restaurar esses ecossistemas”, concluiu Braulio Dias, secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD).

Fonte: Instituto Carbono Brasil

segunda-feira, 4 de março de 2013

Brasil terá novo Inventário Florestal até 2016

Estudo sobre recursos florestais pode prevenir a derrubada de matas
nativas para a plantação indiscriminada de eucaliptos, por exemplo (CC/Domingos Moreira)

Depois de trinta anos do primeiro inventário sobre as florestas do Brasil, o país terá um novo documento com informações sobre as florestas brasileiras. O primeiro e único Inventário Florestal Nacional do país é da década de 1980, e teve como principal foco o monitoramento dos estoques de madeira das florestas. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou que o novo documento será mais amplo e comprometido com a sustentabilidade. “O objetivo é gerar uma lógica de exploração sustentável, com emprego, desenvolvimento regional e proteção ambiental.”

O levantamento atual foi iniciado em Santa Catarina e no Distrito Federal em 2011 para testes, e começa a ser feito em escala nacional a partir deste ano. A previsão é que fique pronto até 2016. Segundo a ministra, o inventário terá um papel relevante para que o poder público oriente melhor as políticas ambientais. “Isso tem uma importância muito grande para a questão de concessões florestais, para o estoque de carbono,enfim, para conhecermos o que o Brasil tem em todas as suas dimensões florestais.”

Ela também ressaltou a importância do documento para o traçado de uma política extrativista mais sustentável. “ A importância não é só grande na estratégia de conservação, mas na estratégia econômica de apropriação sustentável que estamos construindo, de ampliar a participação da madeira nativa no mercado de consumo legal de madeira no Brasil.”

Para o diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, o inventário é fundamental para o país. “O inventário florestal num país como o Brasil é um fator definitivo. Aqui a questão florestal é determinante, até porque há muitos dados contraditórios neste debate do Código Florestal, a legislação teve um conflito muito grande de interesses. Ele irá nortear uma ação de política pública em relação aos biomas”, disse à Rádio Brasil Atual. 

Segundo o Serviço Florestal Brasileiro, cerca de 62% dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados do Brasil é território composto por florestas, portanto, além da pesquisa de campo, que será feita por universidades e institutos ambientais, haverá a análise de imagens feitas por satélites. O novo documento prevê ainda entrevistas com moradores locais e formas de uso das florestas.

O objetivo do Inventário Florestal é obter dados de vinte mil pontos florestais em todo o país, sendo que sete mil deles ficam na Floresta Amazônica. A cada cinco anos há previsão de atualização dos dados. Segundo Mantovani, o sucesso deste projeto pode possibilitar que os recursos florestais sejam democratizados. “Precisamos fazer com que todos os recursos que temos hoje se transformem em benefício para todos, e não só para poucos segmentos.”

O custo total do novo inventário é estimado em R$ 150 milhões, dos quais R$ 65 milhões serão liberados pelo Fundo Amazônia, administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Depois de 12 anos de debate STF decide: saneamento é dever de Estados e municípios


O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que Estados e municípios devem atuar de maneira compartilhada na prestação de serviços de saneamento. A decisão foi tomada ontem, após 12 anos de debates na Corte.

O STF está discutindo o assunto desde 1998, quando o PDT ingressou com ação contra Lei Estadual do Rio de Janeiro que autorizou a criação de uma região metropolitana para prestar os serviços do setor. Seis anos depois de a ação chegar à Corte, o então ministro Maurício Corrêa, já falecido, votou a favor da lei estadual e, portanto, a favor da competência dos Estados no saneamento.

Em seguida, o ministro Nelson Jobim, já aposentado do STF, defendeu a competência de municípios reunidos para a prestação dos serviços.

Em abril de 2008, o ministro Gilmar Mendes propôs outra solução. Para Mendes, os governos estaduais deveriam ter 24 meses para implementar um novo modelo de planejamento para o saneamento no qual aceitem propostas de regiões metropolitanas, microrregiões e aglomerados urbanos. Esse prazo seria contado a partir da decisão do STF.

Ontem, o ministro Ricardo Lewandowski, que havia pedido vista do processo, defendeu que os serviços de saneamento sejam prestados após reunião entre Estado, municípios, regiões metropolitanas e também pela participação popular. Segundo ele, seriam criadas entidades locais para tratar da questão. "Para mim, as futuras entidades criadas devem levar em consideração a participação popular", justificou.

Ao fim, a maioria dos ministros do STF votou pela competência compartilhada. "O tribunal decidiu que não pode haver preponderância nem do Estado e nem dos municípios", explicou o presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa. A solução, segundo ele, é a de criação de entidades, unindo o Estado local e os municípios para tratar do saneamento e definir quem fará a prestação dos serviços.

A única questão que ainda não foi definida é o prazo para a criação dessas entidades. O ministro Luiz Fux pediu vista a respeito da definição desse prazo. Mendes havia proposto que ele deveria ser de 24 meses a contar da decisão do STF. Lewandowski concordou com esse prazo. Mas, para fixá-lo, o STF precisa de maioria de dois terços dos ministros. Como Mendes e Celso de Mello estavam fora da sessão, a opção foi adiar a definição do prazo para quando eles estiverem presentes.

Fonte: Valor Econômico

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